Add caption |
Trecho do Livro: Crepúsculo | Stephenie Meyer
Foi ali, sentada no refeitório, tentando conversar com sete estranhos curiosos, que eu os vi pela primeira vez.
Estavam sentados no canto do refeitório, à maior distância possível de onde eu me encontrava no salão comprido. Eram cinco. Não estavam conversando e não comiam, embora cada um deles tivesse uma bandeja cheia e intocada diante de si. Não me encaravam, ao contrário da maioria dos outros alunos, por isso era seguro observá-los sem temer encontrar um par de olhos excessivamente interessados. Mas não foi nada disso que atraiu e prendeu minha atenção.
Eles não eram nada parecidos. Dos três meninos, um era grandalhão — musculoso como um halterofilista inveterado, com cabelo escuro e crespo. Outro era mais alto, mais magro, mas ainda assim musculoso, e tinha cabelo louro cor de mel. O último era esguio, menos forte, com um cabelo desalinhado cor de bronze. Era mais juvenil do que os outros, que pareciam poder estar na faculdade ou até ser professores daqui, em vez de alunos.
As meninas eram o contrário. A alta era escultural. Linda, do tipo que se via na capa da edição de trajes de banho da Sports Illustrated, do tipo que fazia toda garota perto dela sentir um golpe na auto-estima só por estar no mesmo ambiente. O cabelo era dourado, caindo delicadamente em ondas até o meio das costas. A menina baixa parecia uma fada, extremamente magra, com feições miúdas. O cabelo era de um preto intenso, curto, picotado e desfiado para todas as direções.
E, no entanto, todos eram de alguma forma parecidos. Cada um deles era pálido como giz, os alunos mais brancos que viviam nesta cidade sem sol. Mais brancos do que eu, a albina. Todos tinham olhos muito escuros, apesar da variação de cor dos cabelos. Também tinham olheiras — arroxeadas, em tons de hematoma. Como se tivessem passado uma noite insone, ou estivessem se recuperando de um nariz quebrado. Mas os narizes, todos os seus traços, eram retos, perfeitos, angulosos.
Mas não era por nada disso que eu não conseguia desgrudar os olhos deles.
Fiquei olhando porque seus rostos, tão diferentes, tão parecidos, eram completa, arrasadora e inumanamente lindos. Eram rostos que não se esperava ver a não ser talvez nas páginas reluzentes de uma revista de moda. Ou pintados por um antigo mestre como a face de um anjo. Era difícil decidir quem era o mais bonito — talvez a loura perfeita, ou o garoto de cabelo cor de bronze.
Todos pareciam distantes — distantes de cada um ali, distantes dos outros alunos, distantes de qualquer coisa em particular, pelo que eu podia notar. Enquanto eu observava, a garota baixinha se levantou com a bandeja — o refrigerante fechado, a maçã sem uma dentada — e se afastou com passos longos, rápidos e graciosos apropriados para uma pista de decolagem. Fiquei olhando, surpresa com seus passos de dança, até que ela largou a bandeja no lixo e seguiu para a porta dos fundos, mais rápido do que eu teria pensado ser possível. Meus olhos dispararam de volta aos outros, que ficaram sentados, impassíveis.
— Quem são eles? — perguntei à garota da minha turma de espanhol, cujo nome eu esquecera.
Enquanto ela olhava para ver do que eu estava falando — embora já soubesse, provavelmente, pelo meu tom de voz —, de repente ele olhou para ela, o mais magro, o rapaz juvenil, o mais novo, talvez. Ele olhou para minha vizinha só por uma fração de segundo, e depois seus olhos escuros fulguraram para mim.
Ele desviou os olhos rapidamente, mais rápido do que eu, embora, em um jorro de constrangimento, eu tenha baixado o olhar de imediato. Naquele breve olhar, seu rosto não transmitiu nenhum interesse — era como se ela tivesse chamado o nome dele, e ele a olhasse numa reação involuntária, já tendo decidido não responder.
Minha vizinha riu sem graça, olhando a mesa como eu.
— São Edward e Emmett Cullen, e Rosalie e Jasper Hale. A que saiu é Alice Cullen. Todos moram com o Dr. Cullen e a esposa. — Ela disse isso à meia-voz.
Olhei de lado para o rapaz bonito, que agora fitava a própria bandeja, desfazendo um pãozinho em pedaços com os dedos pálidos e longos. Sua boca se movia muito rapidamente, os lábios perfeitos mal se abrindo. Os outros três ainda pareciam distantes e, no entanto, eu sentia que ele estava falando em voz baixa com eles.
Nomes estranhos e incomuns, pensei. O tipo de nome que têm os avós. Mas talvez seja moda por aqui — nomes de cidades pequenas? Finalmente me lembrei de que minha vizinha se chamava Jessica, um nome perfeitamente comum. Havia duas meninas que se chamavam Jessica na minha turma de história, na minha cidade.
— Eles são… muito bonitos. — Lutei com a patente atenuação da verdade.
— É — concordou Jessica com outra risada. — Mas todos estão juntos… Emmett e Rosalie, e Jasper e Alice, quero dizer. E eles moram juntos. — Sua voz trazia toda a condenação e o choque da cidade pequena, pensei criticamente. Mas, para ser sincera, tenho que admitir que até em Phoenix isso provocaria fofocas.
— Quem são os Cullen? — perguntei. — Eles não parecem parentes…
— Ah, e não são. O Dr. Cullen é bem novo, tem uns vinte e tantos ou trinta e poucos anos. Todos foram adotados. Os Hale são mesmo irmãos, gêmeos… os louros… e são filhos adotivos.
— Parecem meio velhos para filhos adotivos.
— Agora são, Jasper e Rosalie têm 18 anos, mas estão com a Sra. Cullen desde que tinham 8 anos. Ela é tia deles ou coisa assim.
— Isso é bem legal… Eles cuidarem de todas essas crianças, quando eram tão pequenos e tudo isso.
— Acho que sim — admitiu Jessica com relutância, e tive a impressão de que por algum motivo ela não gostava do médico e da esposa. Com os olhares que ela atirava aos filhos adotivos, eu imaginava que o motivo era inveja. — Mas acho que a Sra. Cullen não pode ter filhos — acrescentou ela, como se isso diminuísse sua bondade.
Em toda essa conversa, meus olhos disparavam sem parar para a mesa onde se acomodava a estranha família. Eles continuavam a olhar para as paredes e não comiam.
— Eles sempre moraram em Forks? — perguntei. Certamente eu os teria percebido em um dos verões aqui.
— Não — disse ela numa voz que dava a entender que isso devia ser óbvio, até para uma recém-chegada como eu. — Só se mudaram há dois anos, vindos de algum lugar do Alasca.
Senti uma onda de pena, e também alívio. Pena porque, apesar de lindos, eles eram de fora, e claramente não eram aceitos. Alívio por eu não ser a única recém-chegada por aqui, e certamente não ser a mais interessante, por qualquer padrão.
Enquanto eu os examinava, o mais novo, um dos Cullen, virou-se e encontrou meu olhar, desta vez com uma expressão de evidente curiosidade. Quando desviei os olhos rapidamente, me pareceu que o olhar dele trazia uma espécie de expectativa frustrada.
— Quem é o garoto de cabelo ruivo? — perguntei. Eu o espiei pelo canto do olho e ele ainda estava me encarando, mas não aparvalhado como os outros alunos. Tinha uma expressão meio frustrada. Olhei para baixo novamente.
— É o Edward. Ele é lindo, é claro, mas não perca seu tempo. Ele não namora. Ao que parece, nenhuma das meninas daqui é bonita o bastante para ele. — Ela fungou, um caso claro de dor-de-cotovelo. Eu me perguntei quando é que ele a tinha rejeitado.
Mordi o lábio para esconder meu sorriso. Depois olhei para ele de novo. Seu rosto estava virado para o outro lado, mas achei que sua bochecha parecia erguida, como se ele também estivesse sorrindo.
Depois de mais alguns minutos, os quatro saíram da mesa juntos. Todos eram muito elegantes — até o grandalhão de cabelo castanho. Era perturbador de ver. O garoto chamado Edward não olhou novamente para mim.
Livro: Lua Nova | Stephenie Meyer | Primeiro Capítulo
Data do lançamento: 03/10/2008
Parecia que eu estava presa em um daqueles pesadelos apavorantes em que você precisa correr, correr até os pulmões explodirem, mas não consegue fazer com que seu corpo se mexa com rapidez suficiente. Minhas pernas pareciam se mover com uma lentidão cada vez maior à medida que eu lutava para atravessar a multidão insensível, mas os ponteiros do enorme relógio da torre não eram lentos. Com uma força implacável, eles se aproximavam inexoravelmente do fim – do fim de tudo.
Mas isso não era um sonho, e, ao contrário do pesadelo, eu não estava correndo para salvar a minha vida; eu corria para salvar algo infinitamente mais precioso. Hoje minha própria vida pouco significava para mim.
Alice dissera que havia uma boa possibilidade de que morrêssemos aqui. Talvez fosse diferente se ela não estivesse na armadilha que era a luz do sol intensa; só eu estava livre para correr por aquela praça cintilante e abarrotada.
E eu não conseguia correr com rapidez suficiente.
Então não me importava que estivéssemos cercados de inimigos extraordinariamente perigosos. À medida que o relógio começava a soar a hora, vibrando sob a sola de meus pés lentos, eu sabia que era tarde demais para mim — e fiquei feliz que alguma coisa sedenta de sangue esperasse nos bastidores. Pois, falhando nisso, eu perderia qualquer desejo de viver.
O relógio soou novamente e o sol incidia exatamente do meio do céu.
Mas isso não era um sonho, e, ao contrário do pesadelo, eu não estava correndo para salvar a minha vida; eu corria para salvar algo infinitamente mais precioso. Hoje minha própria vida pouco significava para mim.
Alice dissera que havia uma boa possibilidade de que morrêssemos aqui. Talvez fosse diferente se ela não estivesse na armadilha que era a luz do sol intensa; só eu estava livre para correr por aquela praça cintilante e abarrotada.
E eu não conseguia correr com rapidez suficiente.
Então não me importava que estivéssemos cercados de inimigos extraordinariamente perigosos. À medida que o relógio começava a soar a hora, vibrando sob a sola de meus pés lentos, eu sabia que era tarde demais para mim — e fiquei feliz que alguma coisa sedenta de sangue esperasse nos bastidores. Pois, falhando nisso, eu perderia qualquer desejo de viver.
O relógio soou novamente e o sol incidia exatamente do meio do céu.
FESTA
.
Eu tinha noventa e nove por cento de certeza de que estava sonhando.
Os motivos para minha certeza eram que, primeiro, eu estava de pé em um raio brilhante de sol — o sol claro e ofuscante que nunca luzia em minha nova cidade chuvosa, Forks, no estado de Washington — e, segundo, eu olhava minha avó Marie. Vovó morrera havia seis anos, então era uma prova concreta da teoria do sonho.
Minha avó não mudara muito; seu rosto estava exatamente igual ao que eu lembrava. A pele era macia e murcha, caindo em centenas de pequenas rugas que pendiam delicadas. Como um damasco seco, mas com uma nuvem de cabelo branco e espesso se destacando em volta dele.
Nossas bocas — a dela com rugas ressecadas — se estendiam no mesmo meio sorriso de surpresa, exatamente ao mesmo tempo. Aparentemente, ela também não esperava me ver.
Eu estava prestes a lhe fazer uma pergunta; tinha tantas — O que ela estava fazendo ali, no meu sonho? O que ela andara fazendo nos últimos seis anos? Vovô estava bem, e eles se encontraram, onde quer que estivessem? —, mas ela abriu a boca quando tentei falar, então parei para permitir que ela falasse primeiro. Ela fez uma pausa também e depois nós duas sorrimos com o pequeno embaraço.
Os motivos para minha certeza eram que, primeiro, eu estava de pé em um raio brilhante de sol — o sol claro e ofuscante que nunca luzia em minha nova cidade chuvosa, Forks, no estado de Washington — e, segundo, eu olhava minha avó Marie. Vovó morrera havia seis anos, então era uma prova concreta da teoria do sonho.
Minha avó não mudara muito; seu rosto estava exatamente igual ao que eu lembrava. A pele era macia e murcha, caindo em centenas de pequenas rugas que pendiam delicadas. Como um damasco seco, mas com uma nuvem de cabelo branco e espesso se destacando em volta dele.
Nossas bocas — a dela com rugas ressecadas — se estendiam no mesmo meio sorriso de surpresa, exatamente ao mesmo tempo. Aparentemente, ela também não esperava me ver.
Eu estava prestes a lhe fazer uma pergunta; tinha tantas — O que ela estava fazendo ali, no meu sonho? O que ela andara fazendo nos últimos seis anos? Vovô estava bem, e eles se encontraram, onde quer que estivessem? —, mas ela abriu a boca quando tentei falar, então parei para permitir que ela falasse primeiro. Ela fez uma pausa também e depois nós duas sorrimos com o pequeno embaraço.
“Bella?”
Não era vovó que chamava meu nome, e nós duas nos viramos para ver quem se unira a nossa reuniãozinha. Não precisava olhar para saber quem era; aquela era uma voz que eu reconheceria em qualquer lugar — reconheceria e reagiria a ela, quer estivesse acordada ou dormindo… Ou até morta, posso apostar. A voz pela qual eu pisaria em brasas — ou, sendo menos dramática, pela qual eu chapinharia na lama em cada dia de chuva fria e interminável.
Edward.
Embora eu sempre ficasse emocionada ao vê-lo — consciente ou não —, e embora eu quase tivesse certeza de que era um sonho, entrei em pânico enquanto Edward se dirigia a nós sob o sol reluzente.
Entrei em pânico porque vovó não sabia que eu estava apaixonada por um vampiro — ninguém sabia disso —, então, como eu explicaria o fato de que os feixes brilhantes de sol se dividiam em sua pele em mil fragmentos de arco-íris, como se ele fosse feito de cristal ou diamante?
Bom, vó, deve ter percebido que meu namorado brilha. É só uma coisa que ele faz no sol. Não se preocupe com isso…
O que ele estava fazendo? O motivo para ele morar em Forks, o lugar mais chuvoso do mundo, era que podia ficar ao ar livre durante o dia sem revelar o segredo de sua família. E no entanto ali estava ele, andando elegantemente em minha direção — com o sorriso mais lindo em seu rosto de anjo, como se eu fosse a única presente.
Nesse segundo, desejei não ser a única exceção a seu misterioso talento; em geral eu me sentia grata por ser a única pessoa cujos pensamentos ele não podia ouvir com clareza, como se eles fossem pronunciados em voz alta. Mas agora eu queria que ele fosse capaz de me ouvir também, assim poderia escutar o alerta que eu gritava em minha cabeça.
Lancei um olhar de pânico para minha avó e vi que era tarde demais. Ela estava se virando para olhar para mim de novo, os olhos tão alarmados quanto os meus.
Edward — ainda sorrindo daquele jeito tão lindo que fazia meu coração parecer inchar e explodir no peito — pôs o braço em meu ombro e virou-se para olhar minha avó.
A expressão de vovó me surpreendeu. Em vez de parecer apavorada, ela me olhava timidamente, como se esperasse por uma repreensão. E ela estava de pé numa posição tão estranha — um braço afastado canhestramente do corpo, esticado e, depois, envolvendo o ar. Como se estivesse abraçando alguém que eu não podia ver, alguém invisível…
Só então, enquanto eu olhava o quadro como um todo, foi que percebi a enorme moldura dourada que cercava as feições de minha avó. Sem compreender, levantei a mão que não estava na cintura de Edward e a estendi para tocá-la. Ela imitou o movimento com exatidão, espelhando-o. Mas onde nossos dedos deveriam se encontrar não havia nada, a não ser o vidro frio…
Com um sobressalto vertiginoso, meu sonho tornou-se abruptamente um pesadelo.
Não havia vovó alguma.
Aquela era eu. Eu em um espelho. Eu — anciã, enrugada e murcha.
Edward estava a meu lado, sem reflexo, lindo de morrer e com 17 anos para sempre.
Ele apertou os lábios perfeitos e gelados em meu rosto desgastado.
Edward.
Embora eu sempre ficasse emocionada ao vê-lo — consciente ou não —, e embora eu quase tivesse certeza de que era um sonho, entrei em pânico enquanto Edward se dirigia a nós sob o sol reluzente.
Entrei em pânico porque vovó não sabia que eu estava apaixonada por um vampiro — ninguém sabia disso —, então, como eu explicaria o fato de que os feixes brilhantes de sol se dividiam em sua pele em mil fragmentos de arco-íris, como se ele fosse feito de cristal ou diamante?
Bom, vó, deve ter percebido que meu namorado brilha. É só uma coisa que ele faz no sol. Não se preocupe com isso…
O que ele estava fazendo? O motivo para ele morar em Forks, o lugar mais chuvoso do mundo, era que podia ficar ao ar livre durante o dia sem revelar o segredo de sua família. E no entanto ali estava ele, andando elegantemente em minha direção — com o sorriso mais lindo em seu rosto de anjo, como se eu fosse a única presente.
Nesse segundo, desejei não ser a única exceção a seu misterioso talento; em geral eu me sentia grata por ser a única pessoa cujos pensamentos ele não podia ouvir com clareza, como se eles fossem pronunciados em voz alta. Mas agora eu queria que ele fosse capaz de me ouvir também, assim poderia escutar o alerta que eu gritava em minha cabeça.
Lancei um olhar de pânico para minha avó e vi que era tarde demais. Ela estava se virando para olhar para mim de novo, os olhos tão alarmados quanto os meus.
Edward — ainda sorrindo daquele jeito tão lindo que fazia meu coração parecer inchar e explodir no peito — pôs o braço em meu ombro e virou-se para olhar minha avó.
A expressão de vovó me surpreendeu. Em vez de parecer apavorada, ela me olhava timidamente, como se esperasse por uma repreensão. E ela estava de pé numa posição tão estranha — um braço afastado canhestramente do corpo, esticado e, depois, envolvendo o ar. Como se estivesse abraçando alguém que eu não podia ver, alguém invisível…
Só então, enquanto eu olhava o quadro como um todo, foi que percebi a enorme moldura dourada que cercava as feições de minha avó. Sem compreender, levantei a mão que não estava na cintura de Edward e a estendi para tocá-la. Ela imitou o movimento com exatidão, espelhando-o. Mas onde nossos dedos deveriam se encontrar não havia nada, a não ser o vidro frio…
Com um sobressalto vertiginoso, meu sonho tornou-se abruptamente um pesadelo.
Não havia vovó alguma.
Aquela era eu. Eu em um espelho. Eu — anciã, enrugada e murcha.
Edward estava a meu lado, sem reflexo, lindo de morrer e com 17 anos para sempre.
Ele apertou os lábios perfeitos e gelados em meu rosto desgastado.
— Feliz aniversário — sussurrou.
Acordei assustada — minhas pálpebras se arregalando — e arfante. A luz cinzenta e embaçada, a familiar luz de uma manhã nublada tomou o lugar do sol ofuscante de meu sonho.
Um sonho, eu disse a mim mesma. Foi só um sonho. Respirei fundo e pulei novamente quando meu despertador tocou. O pequeno calendário no canto do mostrador do relógio me informou que hoje era 13 de setembro.
Um sonho, mas pelo menos, de certo modo, bastante profético. Hoje era meu aniversário. Eu tinha oficialmente 18 anos.
Durante meses, tive pavor deste dia.
Por todo o verão perfeito — o verão mais feliz que tive na vida, o verão mais feliz que qualquer um em qualquer lugar teria e o verão mais chuvoso da história da península de Olympic — esta triste data ficou de tocaia, esperando para saltar sobre mim.
E, agora que chegara, era ainda pior do que eu temia. Eu podia sentir — eu estava mais velha. A cada dia eu ficava mais velha, mas isto era diferente, era pior, quantificável. Eu tinha 18 anos.
E Edward jamais teria essa idade.
Quando fui escovar os dentes, quase me surpreendi com o fato de que o rosto no espelho não mudara. Olhei para mim mesma, procurando por algum sinal de rugas iminentes em minha pele de marfim. Mas os únicos vincos eram os da minha testa, e eu sabia que, se conseguisse relaxar, eles desapareceriam. Não consegui. Minhas sobrancelhas se alojaram em uma linha de preocupação acima de meus angustiados olhos castanhos.
Foi só um sonho, lembrei a mim mesma de novo. Só um sonho… Mas também meu pior pesadelo.
Não tomei o café-da-manhã, com pressa para sair de casa o mais rápido possível. Não fui inteiramente capaz de evitar meu pai e tive de passar alguns minutos fingindo-me animada. Tentei ficar empolgada de verdade com os presentes que eu pedira para ele não comprar para mim, mas sempre que eu tinha que sorrir, parecia que podia começar a chorar.
Lutei para me controlar enquanto dirigia para a escola. A visão de minha avó — eu não pensava nela como eu mesma — não saía de minha cabeça. Só o que consegui sentir foi desespero, até que parei no estacionamento conhecido atrás da Forks High School e vi Edward curvado e imóvel sobre seu Volvo prata polido, como um monumento de mármore em homenagem a algum esquecido deus pagão da beleza. O sonho não lhe fizera justiça. E ele esperava ali por mim, exatamente como nos outros dias.
O desespero desapareceu por um momento, substituído pela admiração. Mesmo depois de meio ano com ele, eu ainda não acreditava que merecia tanta sorte.
Sua irmã, Alice, estava a seu lado, também esperando por mim.
É claro que Edward e Alice não eram de fato parentes (em Forks, corria a história de que todos os irmãos Cullen tinham sido adotados pelo Dr. Carlisle Cullen e sua esposa, Esme, os dois indiscutivelmente novos demais para ter filhos adolescentes), mas sua pele tinha exatamente a mesma palidez, os olhos tinham o mesmo tom dourado, com as mesmas olheiras fundas, como hematomas. O rosto de Alice, como o dele, era de uma beleza incrível. Para alguém que sabia — alguém como eu —, essas semelhanças representavam a marca do que eles eram.
A visão de Alice esperando ali — seus olhos caramelo brilhantes de empolgação e um pequeno embrulho prateado em suas mãos — deixou-me carrancuda. Eu disse a Alice que não queria nada, nada mesmo, nenhum presente, nem mesmo alguma atenção pelo aniversário. Obviamente, meus desejos estavam sendo ignorados.
Bati a porta de minha picape Chevy 53 — uma chuva de ferrugem caiu do teto molhado — e andei devagar na direção deles. Alice pulou à frente para me receber, a cara de fada reluzente sob o cabelo preto e desfiado.
Um sonho, eu disse a mim mesma. Foi só um sonho. Respirei fundo e pulei novamente quando meu despertador tocou. O pequeno calendário no canto do mostrador do relógio me informou que hoje era 13 de setembro.
Um sonho, mas pelo menos, de certo modo, bastante profético. Hoje era meu aniversário. Eu tinha oficialmente 18 anos.
Durante meses, tive pavor deste dia.
Por todo o verão perfeito — o verão mais feliz que tive na vida, o verão mais feliz que qualquer um em qualquer lugar teria e o verão mais chuvoso da história da península de Olympic — esta triste data ficou de tocaia, esperando para saltar sobre mim.
E, agora que chegara, era ainda pior do que eu temia. Eu podia sentir — eu estava mais velha. A cada dia eu ficava mais velha, mas isto era diferente, era pior, quantificável. Eu tinha 18 anos.
E Edward jamais teria essa idade.
Quando fui escovar os dentes, quase me surpreendi com o fato de que o rosto no espelho não mudara. Olhei para mim mesma, procurando por algum sinal de rugas iminentes em minha pele de marfim. Mas os únicos vincos eram os da minha testa, e eu sabia que, se conseguisse relaxar, eles desapareceriam. Não consegui. Minhas sobrancelhas se alojaram em uma linha de preocupação acima de meus angustiados olhos castanhos.
Foi só um sonho, lembrei a mim mesma de novo. Só um sonho… Mas também meu pior pesadelo.
Não tomei o café-da-manhã, com pressa para sair de casa o mais rápido possível. Não fui inteiramente capaz de evitar meu pai e tive de passar alguns minutos fingindo-me animada. Tentei ficar empolgada de verdade com os presentes que eu pedira para ele não comprar para mim, mas sempre que eu tinha que sorrir, parecia que podia começar a chorar.
Lutei para me controlar enquanto dirigia para a escola. A visão de minha avó — eu não pensava nela como eu mesma — não saía de minha cabeça. Só o que consegui sentir foi desespero, até que parei no estacionamento conhecido atrás da Forks High School e vi Edward curvado e imóvel sobre seu Volvo prata polido, como um monumento de mármore em homenagem a algum esquecido deus pagão da beleza. O sonho não lhe fizera justiça. E ele esperava ali por mim, exatamente como nos outros dias.
O desespero desapareceu por um momento, substituído pela admiração. Mesmo depois de meio ano com ele, eu ainda não acreditava que merecia tanta sorte.
Sua irmã, Alice, estava a seu lado, também esperando por mim.
É claro que Edward e Alice não eram de fato parentes (em Forks, corria a história de que todos os irmãos Cullen tinham sido adotados pelo Dr. Carlisle Cullen e sua esposa, Esme, os dois indiscutivelmente novos demais para ter filhos adolescentes), mas sua pele tinha exatamente a mesma palidez, os olhos tinham o mesmo tom dourado, com as mesmas olheiras fundas, como hematomas. O rosto de Alice, como o dele, era de uma beleza incrível. Para alguém que sabia — alguém como eu —, essas semelhanças representavam a marca do que eles eram.
A visão de Alice esperando ali — seus olhos caramelo brilhantes de empolgação e um pequeno embrulho prateado em suas mãos — deixou-me carrancuda. Eu disse a Alice que não queria nada, nada mesmo, nenhum presente, nem mesmo alguma atenção pelo aniversário. Obviamente, meus desejos estavam sendo ignorados.
Bati a porta de minha picape Chevy 53 — uma chuva de ferrugem caiu do teto molhado — e andei devagar na direção deles. Alice pulou à frente para me receber, a cara de fada reluzente sob o cabelo preto e desfiado.
— Feliz aniversário, Bella!
— Shhh! — sibilei, olhando o estacionamento para me certificar de que ninguém a ouvira. A última coisa que eu queria era uma espécie de comemoração do melancólico evento.
Ela me ignorou.
— Quer abrir seu presente agora ou depois? — perguntou ansiosamente enquanto seguíamos para onde Edward ainda esperava.
— Nada de presentes — protestei num murmúrio.
Ela por fim pareceu entender meu estado de espírito.
— Tudo bem… Mais tarde, então. Gostou do álbum que sua mãe mandou para você? E a câmera de Charlie?
Suspirei. É claro que ela saberia quais eram meus presentes de aniversário. Edward não era o único membro da família com habilidades incomuns. Alice teria “visto” o que meus pais planejavam assim que eles tomaram a decisão.
— É. São ótimos.
— Eu acho que é uma ótima idéia. Só se chega ao último ano da escola uma vez. Pode muito bem documentar a experiência.
— Quantas vezes você fez o último ano?
— Isso é diferente.
Chegamos então a Edward e ele estendeu a mão para mim. Eu a peguei ansiosa, esquecendo-me, por um momento, de meu mau humor. Sua pele, como sempre, era suave, dura e muito fria. Ele apertou meus dedos com delicadeza. Olhei em seus claros olhos de topázio e meu coração sentiu um aperto não tão delicado. Ouvindo meu coração vacilar, ele sorriu de novo.
Ele ergueu a mão livre e, ao falar, acompanhou o contorno de meus lábios com a ponta do dedo frio.
Ele ergueu a mão livre e, ao falar, acompanhou o contorno de meus lábios com a ponta do dedo frio.
— E então, como discutimos, não tenho permissão para lhe desejar um feliz aniversário, é isso mesmo?
— É. É isso mesmo. — Eu não conseguia imitar o fluxo de sua pronúncia perfeita e formal. Era algo que só poderia ter sido adquirido em um século anterior.
— Só estou verificando. — Ele passou a mão no cabelo desgrenhado cor de bronze. — Você bem que podia ter mudado de idéia. A maioria das pessoas parece gostar de aniversários e presentes.
Alice riu e o som era todo prata, um sino de vento.
— É claro que você vai gostar. Todo mundo deve ser gentil com você hoje e fazer suas vontades, Bella. Qual é a pior coisa que pode acontecer? — Sua pergunta era retórica.
— Ficar mais velha — respondi de qualquer forma, e minha voz não era tão estável como eu queria que fosse.
A meu lado, o sorriso de Edward se estreitou em uma linha rígida.
— Dezoito anos não é muito velha — disse Alice. — Em geral as mulheres não esperam até ter 29 para se aborrecer com os aniversários?
— É mais do que Edward — murmurei.
Ele suspirou.
— Tecnicamente — disse ela, mantendo o tom leve. — Mas só por um ano.
E eu imaginei… Se eu pudesse ter certeza do futuro que queria, certeza de que passaria a eternidade com Edward, Alice e os demais Cullen (de preferência não como uma velhinha enrugada)… Então um ou dois anos a mais ou a menos não me importariam tanto. Mas Edward era rigorosamente contra qualquer futuro que me alterasse. Qualquer futuro que me tornasse igual a ele — que me tornasse imortal também.
Um impasse, ele tinha dito.
Para ser franca, eu não conseguia entender o argumento de Edward. O que havia de tão bom na mortalidade? Ser um vampiro não parecia tão terrível — não como faziam os Cullen, pelo menos.
Para ser franca, eu não conseguia entender o argumento de Edward. O que havia de tão bom na mortalidade? Ser um vampiro não parecia tão terrível — não como faziam os Cullen, pelo menos.
— A que horas você vai estar em casa? — continuou Alice, mudando de assunto. A julgar por sua expressão, ela estava aprontando exatamente o tipo de coisa que eu esperava evitar.
— Não sei se vou para casa.
— Ah, por favor, Bella! — reclamou ela. — Não vai estragar toda a nossa diversão desse jeito, vai?
— Pensei que no meu aniversário eu pudesse fazer o que eu quisesse.
— Eu vou apanhá-la em casa logo depois da escola — disse-lhe Edward, ignorando-me completamente.
— Tenho que trabalhar — protestei.
— Na verdade, não tem — disse-me Alice, convencida. — Já falei com a Sra. Newton sobre isso. Ela vai trocar seus turnos. E me pediu para lhe dizer “Feliz aniversário”.
— E-eu ainda não posso ir — gaguejei, procurando uma desculpa. — Eu, bom, ainda não vi Romeu e Julieta para a aula de inglês.
Alice bufou.
— Você conhece Romeu e Julieta de cor.
— Mas o Sr. Berty disse que precisávamos ver uma representação para apreciá-lo plenamente… Era o que Shakespeare pretendia.
Edward revirou os olhos.
— Você já viu o filme — acusou Alice.
— Mas não a versão dos anos 60. O Sr. Berty disse que era a melhor. Por fim, Alice perdeu o sorriso presunçoso e me fitou.
— Isso pode ser fácil ou pode ser difícil, Bella, mas de uma forma ou de outra…
Edward interrompeu sua ameaça.
— Relaxe, Alice. Se Bella quer ver um filme, então pode ver. É o aniversário dela.
— Viu? — acrescentei.
— Vou levá-la por volta das sete — continuou ele. — Isso lhe dará bastante tempo para preparar tudo.
O riso de Alice repicou de novo.
— Parece ótimo. Nos vemos à noite, Bella! Vai ser divertido, você verá.
Ela sorriu com malícia — o sorriso largo expôs todos os dentes perfeitos e reluzentes —, depois me deu um beliscão na bochecha e desapareceu para sua primeira aula antes que eu pudesse responder.
— Edward, por favor… — comecei a pedir, mas ele colocou um dedo frio em meus lábios.
— Discutiremos isso mais tarde. Vamos nos atrasar para a aula.
Ninguém se incomodou em olhar para nós enquanto assumíamos nossos lugares de sempre no fundo da sala (agora assistíamos a quase todas as aulas juntos — eram incríveis os favores que Edward conseguia que as mulheres da secretaria fizessem para ele). Edward e eu estávamos juntos havia tempo demais para ainda sermos objeto de fofoca. Nem Mike Newton se incomodava mais em me lançar o olhar de mau humor que antigamente fazia me sentir meio culpada. Ele agora sorria, e fiquei feliz por ele parecer ter aceitado que podíamos ser só amigos. Mike mudara no verão — estava menos rechonchudo, as maçãs do rosto mais proeminentes e o cabelo louro-claro estava diferente; em vez de arrepiado, estava mais comprido e com gel, em uma desordem cuidadosamente casual. Era fácil ver de onde vinha sua inspiração — mas o visual de Edward não era uma coisa que se pudesse imitar.
À medida que o dia avançava, pensei em maneiras de me livrar do que quer que estivesse para acontecer na casa dos Cullen à noite. Já seria bem ruim ter de comemorar quando meu humor era colocar luto. Mas, pior do que isso, aquilo, com certeza, envolveria atenção e presentes.
Nunca é bom ter atenção, como concordaria qualquer outro desajeitado com tendência a sofrer acidentes. Ninguém quer um refletor sobre si quando é provável que vá cair de cara no chão.
E eu insisti — bom, na verdade ordenei — que ninguém me desse nenhum presente este ano. Aparentemente, Charlie e Renée não foram os únicos que decidiram ignorar isso.
Nunca tive muito dinheiro, e isso nunca me incomodou. Renée me criou com salário de professora de jardim-de-infância. Charlie também não ia enriquecer com seu emprego — ele era o chefe de polícia daqui, da cidadezinha de Forks. Minha única renda vinha dos três dias da semana em que eu trabalhava na loja de artigos esportivos da cidade. Em uma cidade tão pequena, eu tinha sorte por ter um emprego. Cada centavo que ganhava ia para meu microscópico fundo de universidade. (A universidade era o Plano B. Eu ainda esperava pelo Plano A, mas Edward teimava tanto em me deixar humana…)
Edward tinha muito dinheiro — eu nem queria pensar em quanto. O dinheiro não significava quase nada para ele e para os demais Cullen. Era só uma coisa que se acumulava quando se tinha tempo ilimitado nas mãos e uma irmã com uma capacidade misteriosa de prever tendências no mercado de ações. Edward não parecia entender por que eu fazia objeção a ele gastar dinheiro comigo — por que me deixava pouco à vontade quando me levava a um restaurante caro em Seattle, por que não podia comprar para mim um carro que pudesse atingir mais de 90 km/h, ou por que eu não deixaria que ele pagasse os custos da minha universidade (ele era ridiculamente entusiasmado com o Plano B). Edward pensava que eu estava sendo difícil sem necessidade.
Mas como eu podia deixar que ele me desse presentes quando eu não tinha nada para dar em troca? Ele, por algum motivo insondável, queria ficar comigo. Qualquer coisa que me desse além disso só aumentava ainda mais as diferenças entre nós.
Com o passar do dia, nem Edward nem Alice voltaram a comentar o tema de meu aniversário, e eu comecei a relaxar um pouco.
Nós nos sentamos à nossa mesa de sempre no almoço.
Havia uma espécie estranha de trégua naquela mesa. Nós três — Edward, Alice e eu — sentávamos no extremo sul da mesa. Agora que os irmãos Cullen mais “velhos”, e de certa forma mais assustadores (no caso de Emmett, certamente), tinham se formado, Alice e Edward não pareciam intimidar tanto e não nos sentávamos sozinhos. Meus outros amigos — Mike e Jessica (que estavam na estranha fase de amizade pós-término), Angela e Ben (cuja relação sobreviveu ao verão), Eric, Conner, Tyler e Lauren (embora esta última não contasse de fato na categoria amizade) — sentavam-se à mesma mesa do outro lado de uma fronteira invisível. Essa fronteira se dissolvia nos dias de sol, quando Edward e Alice sempre matavam aula, e então a conversa passava com facilidade a me incluir.
Edward e Alice não achavam esse ostracismo estranho nem doloroso, como eu teria achado. Eles mal percebiam. As pessoas sempre se sentiam estranhamente pouco à vontade com os Cullen, quase com medo, por algum motivo que não conseguiam explicar a si mesmas. Eu era uma rara exceção a essa regra. Às vezes, incomodava a Edward que eu ficasse à vontade perto dele. Ele pensava que era perigoso para minha saúde — uma opinião que eu rejeitava com veemência sempre que ele a verbalizava.
A tarde passou rápido. As aulas terminaram e Edward me acompanhou até a picape, como sempre fazia. Mas dessa vez ele abriu a porta do carona para mim. Alice devia ter levado o carro dele para casa, para que ele pudesse impedir que eu fugisse.
Cruzei os braços e não fiz nenhum movimento para sair da chuva.
À medida que o dia avançava, pensei em maneiras de me livrar do que quer que estivesse para acontecer na casa dos Cullen à noite. Já seria bem ruim ter de comemorar quando meu humor era colocar luto. Mas, pior do que isso, aquilo, com certeza, envolveria atenção e presentes.
Nunca é bom ter atenção, como concordaria qualquer outro desajeitado com tendência a sofrer acidentes. Ninguém quer um refletor sobre si quando é provável que vá cair de cara no chão.
E eu insisti — bom, na verdade ordenei — que ninguém me desse nenhum presente este ano. Aparentemente, Charlie e Renée não foram os únicos que decidiram ignorar isso.
Nunca tive muito dinheiro, e isso nunca me incomodou. Renée me criou com salário de professora de jardim-de-infância. Charlie também não ia enriquecer com seu emprego — ele era o chefe de polícia daqui, da cidadezinha de Forks. Minha única renda vinha dos três dias da semana em que eu trabalhava na loja de artigos esportivos da cidade. Em uma cidade tão pequena, eu tinha sorte por ter um emprego. Cada centavo que ganhava ia para meu microscópico fundo de universidade. (A universidade era o Plano B. Eu ainda esperava pelo Plano A, mas Edward teimava tanto em me deixar humana…)
Edward tinha muito dinheiro — eu nem queria pensar em quanto. O dinheiro não significava quase nada para ele e para os demais Cullen. Era só uma coisa que se acumulava quando se tinha tempo ilimitado nas mãos e uma irmã com uma capacidade misteriosa de prever tendências no mercado de ações. Edward não parecia entender por que eu fazia objeção a ele gastar dinheiro comigo — por que me deixava pouco à vontade quando me levava a um restaurante caro em Seattle, por que não podia comprar para mim um carro que pudesse atingir mais de 90 km/h, ou por que eu não deixaria que ele pagasse os custos da minha universidade (ele era ridiculamente entusiasmado com o Plano B). Edward pensava que eu estava sendo difícil sem necessidade.
Mas como eu podia deixar que ele me desse presentes quando eu não tinha nada para dar em troca? Ele, por algum motivo insondável, queria ficar comigo. Qualquer coisa que me desse além disso só aumentava ainda mais as diferenças entre nós.
Com o passar do dia, nem Edward nem Alice voltaram a comentar o tema de meu aniversário, e eu comecei a relaxar um pouco.
Nós nos sentamos à nossa mesa de sempre no almoço.
Havia uma espécie estranha de trégua naquela mesa. Nós três — Edward, Alice e eu — sentávamos no extremo sul da mesa. Agora que os irmãos Cullen mais “velhos”, e de certa forma mais assustadores (no caso de Emmett, certamente), tinham se formado, Alice e Edward não pareciam intimidar tanto e não nos sentávamos sozinhos. Meus outros amigos — Mike e Jessica (que estavam na estranha fase de amizade pós-término), Angela e Ben (cuja relação sobreviveu ao verão), Eric, Conner, Tyler e Lauren (embora esta última não contasse de fato na categoria amizade) — sentavam-se à mesma mesa do outro lado de uma fronteira invisível. Essa fronteira se dissolvia nos dias de sol, quando Edward e Alice sempre matavam aula, e então a conversa passava com facilidade a me incluir.
Edward e Alice não achavam esse ostracismo estranho nem doloroso, como eu teria achado. Eles mal percebiam. As pessoas sempre se sentiam estranhamente pouco à vontade com os Cullen, quase com medo, por algum motivo que não conseguiam explicar a si mesmas. Eu era uma rara exceção a essa regra. Às vezes, incomodava a Edward que eu ficasse à vontade perto dele. Ele pensava que era perigoso para minha saúde — uma opinião que eu rejeitava com veemência sempre que ele a verbalizava.
A tarde passou rápido. As aulas terminaram e Edward me acompanhou até a picape, como sempre fazia. Mas dessa vez ele abriu a porta do carona para mim. Alice devia ter levado o carro dele para casa, para que ele pudesse impedir que eu fugisse.
Cruzei os braços e não fiz nenhum movimento para sair da chuva.
— É meu aniversário, não posso dirigir?
— Estou fingindo que não é seu aniversário, como é seu desejo.
— Se não é meu aniversário, então não tenho que ir para a sua casa hoje à noite…
— Muito bem… — Ele fechou a porta do carona e passou por mim para abrir a do motorista. — Feliz aniversário.
— Shhhh — pedi, meio indiferente. Entrei pela porta aberta, querendo que ele aceitasse a outra proposta.
Edward ficou mexendo no rádio enquanto eu dirigia, sacudindo a cabeça, desaprovando.
— Seu rádio tem uma recepção horrível.
Fechei a cara. Eu não gostava quando ele mexia na minha picape. O carro era ótimo — tinha personalidade.
— Quer um bom sistema de som? Dirija seu próprio carro. — Eu estava tão nervosa com os planos de Alice, além de meu humor já sombrio, que as palavras saíram mais ásperas do que pretendia. Quase nunca me exaltava com Edward, e meu tom de voz o fez apertar os lábios para conter o riso.
Quando estacionei diante da casa de Charlie, ele pegou meu rosto entre as mãos. Agia com muito cuidado comigo, colocando a ponta dos dedos de modo suave em minhas têmporas, nas maçãs do rosto, na linha do queixo. Como se eu fosse especialmente quebradiça. O que era exatamente a verdade — comparada com ele, pelo menos.
— Devia estar de bom humor, hoje é o seu dia — sussurrou ele. Seu hálito doce soprava em meu rosto.
— E se eu não quiser ficar de bom humor? — perguntei, minha respiração irregular.
Seus olhos dourados arderam.
— Isso é péssimo.
Minha cabeça já estava girando quando ele se aproximou mais de mim e colocou os lábios gelados nos meus. Como era a intenção dele, sem dúvida, eu me esqueci de todas as preocupações e me concentrei em lembrar como respirar.
Sua boca pairou na minha, fria, suave e gentil, até que passei os braços por seu pescoço e me atirei no beijo com um pouco de entusiasmo demais. Pude sentir os lábios dele se curvarem para cima enquanto ele se afastava de meu rosto e tentava sair do meu abraço.
Edward traçara limites muito cuidadosos para nossa relação física, com a intenção de me manter viva. Embora respeitasse a necessidade de preservar uma distância segura entre minha pele e seus dentes afiados, cobertos de veneno, eu tendia a me esquecer de questões banais como essa quando ele me beijava.
Sua boca pairou na minha, fria, suave e gentil, até que passei os braços por seu pescoço e me atirei no beijo com um pouco de entusiasmo demais. Pude sentir os lábios dele se curvarem para cima enquanto ele se afastava de meu rosto e tentava sair do meu abraço.
Edward traçara limites muito cuidadosos para nossa relação física, com a intenção de me manter viva. Embora respeitasse a necessidade de preservar uma distância segura entre minha pele e seus dentes afiados, cobertos de veneno, eu tendia a me esquecer de questões banais como essa quando ele me beijava.
— Seja boazinha, por favor — sussurrou ele em minha bochecha. Ele apertou os lábios com delicadeza contra os meus mais uma vez e se afastou, cruzando meus braços em minha barriga.
Minha pulsação martelava nos ouvidos. Coloquei a mão no coração. Ele batia rápido demais sob minha palma.
— Acha que um dia vou superar isso? — perguntei, principalmente para mim mesma. — Que meu coração um dia vai parar de tentar pular do peito sempre que você tocar em mim?
— Eu realmente espero que não — disse ele, meio presunçoso.
Revirei os olhos.
— Vamos ver os Capuleto e os Montéquio se dilacerando, está bem?
— Seu desejo é uma ordem.
Edward se esparramou no sofá enquanto eu passava o filme, acelerando nos créditos de abertura. Quando me empoleirei na beira do sofá na frente dele, ele passou os braços em minha cintura e me puxou para seu peito. Não era exatamente tão confortável quanto um sofá, com seu peito duro e frio — e perfeito — como uma escultura de gelo, mas com certeza eu preferia isso. Ele puxou a velha manta oriental do encosto do sofá e me envolveu com ela, para que eu não congelasse junto de seu corpo.
— Sabe, nunca tive muita paciência com Romeu — comentou ele enquanto o filme começava.
— O que há de errado com Romeu? — perguntei, meio ofendida. Romeu era um de meus personagens de ficção preferidos. Até conhecer Edward, eu tinha uma espécie de queda por ele.
— Bem, antes de tudo, ele está apaixonado por essa Rosalina… Não acha que isso o deixa meio volúvel? E então, minutos depois do casamento, ele mata o primo de Julieta. Não é muito inteligente. Um erro depois do outro. Será que ele poderia destruir a própria felicidade de uma forma mais completa?
Eu suspirei.
— Quer que eu veja o filme sozinha?
— Não, vou assistir com você, de qualquer jeito. — Seus dedos traçaram desenhos em meu braço, me provocando arrepios. — Vai chorar?
— É provável — admiti —, se eu estiver prestando atenção.
— Então não vou distraí-la.
Mas senti seus lábios em meu cabelo, e esta era uma distração e tanto.
O filme, enfim, prendeu minha atenção, graças em grande parte às falas de Romeu que Edward sussurrava em meu ouvido — sua voz irresistível de veludo fazia com que a voz do ator parecesse fraca e grosseira. E eu chorei, para divertimento dele, quando Julieta acordou e descobriu o novo marido morto.
— Devo admitir que tenho um pouco de inveja dele aqui — disse Edward, secando minhas lágrimas com uma mecha do meu cabelo.
— Ela é linda.
Ele fez um som de repulsa.
— Não o invejo por causa da garota… Só pela facilidade do suicídio — esclareceu num tom de provocação. — Para vocês, humanos, é tão fácil! Só o que precisam fazer é engolir um vidrinho de extratos de ervas…
— Como é? — ofeguei.
— Foi uma idéia que tive certa vez e eu sabia, pela experiência de Carlisle, que não seria simples. Nem tenho certeza de quantas maneiras Carlisle tentou se matar no começo… Depois de perceber no que se transformara… — Sua voz, que se tornara séria, ficou leve de novo. — E ele claramente ainda goza de excelente saúde.
Virei-me para poder ver seu rosto.
— Do que está falando? — perguntei. — O que quer dizer, essa história de que pensa nisso de vez em quando?
— Na primavera passada, quando você estava… quase morta… — Ele parou para tomar fôlego, lutando para recuperar o tom de brincadeira. — É claro que eu tentava me concentrar em encontrar você viva, mas parte de minha mente fazia planos alternativos. Como eu disse, não é fácil para mim, como é para um humano.
Por um segundo, a lembrança de minha última viagem a Phoenix passou por minha cabeça e me deixou tonta. Eu podia ver tudo com tanta clareza — o sol ofuscante, as ondas de calor saindo do concreto enquanto eu corria com uma pressa desesperada para encontrar o vampiro sádico que queria me torturar até a morte. James, esperando na sala de espelhos com minha mãe de refém — ou assim eu pensava. Eu não sabia que era tudo um ardil. Assim como James não sabia que Edward estava correndo para me salvar. Edward daquela vez conseguira, mas foi por pouco. Sem pensar, meus dedos acompanharam a cicatriz em crescente lunar em minha mão, que sempre ficava alguns graus mais fria do que o restante de minha pele.
Sacudi a cabeça — como se eu pudesse me livrar das lembranças ruins — e tentei entender o que Edward dizia. Meu estômago afundou de um jeito desagradável.
Sacudi a cabeça — como se eu pudesse me livrar das lembranças ruins — e tentei entender o que Edward dizia. Meu estômago afundou de um jeito desagradável.
— Planos alternativos? — repeti.
— Bem, eu não ia viver sem você. — Ele revirou os olhos como se este fato fosse óbvio até para uma criança. — Mas não tinha certeza de como fazer… Eu sabia que Emmett e Jasper não me ajudariam… Então pensei em talvez ir à Itália e fazer algo para provocar os Volturi.
Não podia acreditar que ele falava sério, mas seus olhos dourados estavam pensativos, focalizados em alguma coisa distante enquanto ele refletia sobre as maneiras de acabar com a própria vida. Abruptamente, fiquei furiosa.
— O que é um Volturi? — perguntei.
— Os Volturi são uma família — explicou ele, os olhos ainda distantes. — Uma família muito antiga e muito poderosa de nossa espécie. São a coisa mais próxima que nosso mundo tem de uma família real, imagino. Carlisle morou com eles por pouco tempo em seus primeiros anos, na Itália, antes de se estabelecer na América… Lembra a história?
— É claro que lembro.
Eu nunca me esqueceria da primeira vez que fui à casa dele, a enorme mansão branca bem no fundo da floresta, ao lado do rio, ou a sala em que Carlisle — pai de Edward de tantas maneiras genuínas — mantinha uma parede de pinturas que ilustravam sua história. A tela mais vívida, a mais colorida dali, a maior, era da época de Carlisle na Itália. É claro que eu me lembrava do tranqüilo quarteto de homens, cada um deles com um extraordinário rosto de serafim, pintados no balcão mais alto que dava para o violento torvelinho de cores. Embora a tela tivesse séculos, Carlisle — o anjo louro — continuava inalterado. E eu me lembrava dos outros três, os primeiros companheiros de Carlisle. Edward nunca usou o nome Volturi para o belo trio, dois de cabelos escuros, um de cabelos brancos. Ele os chamou de Aro, Caius e Marcus, patronos noturnos das artes…
— De qualquer modo, não se deve irritar os Volturi — prosseguiu Edward, interrompendo meus devaneios. — A não ser que se queira morrer… Ou o que quer que aconteça conosco. — Sua voz era tão calma que o fazia parecer quase entediado com a perspectiva.
Minha raiva transformou-se em pavor. Peguei seu rosto marmóreo entre as mãos e o segurei com força.
— Você nunca, nunca, jamais pense em nada parecido de novo! — eu disse.
— Não importa o que possa acontecer comigo, você não pode se machucar!
— Eu jamais a colocarei em risco de novo, então esta é uma discussão inútil.
— Me colocar em risco! Pensei que tínhamos combinado que todo o azar era minha culpa. — Eu estava ficando com mais raiva. — Como se atreve a pensar desse jeito? — A idéia de Edward deixando de existir, mesmo que eu estivesse morta, era impossivelmente dolorosa.
— O que você faria, se a situação se invertesse? — perguntou ele.
— Não é o mesmo caso.
Ele não pareceu entender a diferença. Edward riu.
— E se alguma coisa acontecer com você? — Empalideci com a idéia. — Gostaria que eu acabasse comigo mesma?
Um vestígio de dor tocou seus traços perfeitos.
— Acho que entendo seu argumento… Um pouco — admitiu ele. — Mas o que eu faria sem você?
— O que estava fazendo antes de eu aparecer e complicar sua vida.
Ele suspirou.
— Parece tão fácil, do jeito que você fala.
— Devia ser. Eu não sou assim tão interessante.
Ele estava prestes a discutir, mas deixou passar.
— Discussão inútil — lembrou-me.
De repente, ele se colocou numa postura mais formal, passando-me para o lado para que não nos tocássemos mais.
— Charlie? — adivinhei.
Edward sorriu. Depois de um minuto, ouvi o som da radiopatrulha parando na entrada de carros. Peguei a mão dele com firmeza. Meu pai podia lidar com aquilo.
Charlie entrou segurando uma caixa de pizza.
Charlie entrou segurando uma caixa de pizza.
— Oi, pessoal. — Ele sorriu para mim. — Pensei que ia gostar de uma folga da cozinha e dos pratos em seu aniversário. Está com fome?
— Claro. Obrigada, pai.
Charlie não comentou a aparente falta de apetite de Edward. Ele estava acostumado a ver Edward desprezar o jantar.
— Importa-se se eu pegar Bella emprestada esta noite? — perguntou Edward quando Charlie e eu terminamos.
Olhei cheia de esperança para Charlie. Talvez ele pensasse em aniversários como um programa de família que era passado em casa — era meu primeiro aniversário com ele, o primeiro aniversário desde que minha mãe, Renée, casara-se de novo e fora morar na Flórida, então eu não sabia o que ele esperava.
— Tudo bem… Os Mariners vão jogar contra os Sox esta noite — explicou Charlie, e minha esperança desapareceu. — Então não serei boa companhia… Toma. — Ele pegou a câmera que tinha comprado por sugestão de Renée (porque eu precisava de fotos para encher meu álbum) e a atirou para mim.
Ele devia saber muito bem — sempre tive problemas de coordenação. A câmera raspou na ponta de meus dedos e ia caindo no chão. Edward a pegou antes que se espatifasse no piso.
— Boa pegada — observou Charlie. — Se fizerem alguma coisa divertida na casa dos Cullen hoje, Bella, devia tirar umas fotos. Sabe como sua mãe é… Ela vai querer ver as fotos mais rápido do que você pode tirá-las.
— Boa idéia, Charlie — disse Edward, passando-me a câmera.
Liguei a câmera apontada para Edward e bati a primeira foto.
— Funciona.
— Que bom. Ei, dê um alô a Alice por mim. Ela não tem aparecido. — A boca de Charlie se repuxou em um canto.
— Faz três dias, pai — lembrei a ele. Charlie era louco por Alice. Ele ficou ligado a ela na última primavera, quando ela o ajudara em minha convalescença; Charlie lhe seria eternamente grato por tê-lo poupado do horror de uma filha quase adulta que precisava de ajuda no banho. — Vou dizer a ela.
— Tudo bem. Divirtam-se. — Era claramente uma dispensa. Charlie já estava indo para a sala de estar e a tevê.
Edward sorriu, triunfante, e pegou minha mão para me puxar da cozinha.
Quando entramos na picape, ele abriu a porta do carona para mim de novo e, desta vez, não discuti. Ainda tinha dificuldades para encontrar o discreto desvio para a casa dele no escuro.
Edward dirigiu para o norte, atravessando Forks, visivelmente forçando o limite de velocidade de meu Chevy pré-histórico. O motor gemeu ainda mais alto do que de costume enquanto ele o forçava a chegar a 80 km/h.
Quando entramos na picape, ele abriu a porta do carona para mim de novo e, desta vez, não discuti. Ainda tinha dificuldades para encontrar o discreto desvio para a casa dele no escuro.
Edward dirigiu para o norte, atravessando Forks, visivelmente forçando o limite de velocidade de meu Chevy pré-histórico. O motor gemeu ainda mais alto do que de costume enquanto ele o forçava a chegar a 80 km/h.
— Vá com calma — alertei.
— Sabe o que você ia adorar? Um pequeno e lindo cupê Audi. Muito silencioso, muita potência…
— Não há nada de errado com minha picape. E por falar em supérfluos caros, se sabe o que é bom para você, não gaste dinheiro nenhum com presentes de aniversário.
— Nem um centavo — disse ele castamente.
— Ótimo.
— Pode me fazer um favor?
— Depende do que for.
Ele suspirou. Seu lindo rosto agora estava sério.
— Bella, o último aniversário de verdade que tivemos foi o de Emmett, em 1935. Relaxe um pouco e não seja difícil demais esta noite. Todos estão muito animados.
Sempre me surpreendia um pouco quando ele colocava a situação desse jeito.
— Tudo bem, vou me comportar.
— Preciso avisá-la…
— Por favor.
— Quando eu digo que estão todos animados… Quero dizer todos eles.
— Todos? — sufoquei. — Pensei que Emmett e Rosalie estivessem na África. — O restante de Forks pensava que os mais velhos dos Cullen tinham ido para a universidade este ano, para Dartmouth, mas eu sabia da verdade.
— Emmett queria estar aqui.
— Mas… Rosalie?
— Eu sei, Bella. Não se preocupe, ela vai se comportar bem.
Não respondi. Como se eu pudesse não ficar preocupada tão facilmente. Ao contrário de Alice, a outra irmã “adotiva” de Edward, a loura dourada e maravilhosa Rosalie, não gostava muito de mim. Na verdade, o sentimento era um pouco mais forte do que só a antipatia. No que dizia respeito a Rosalie, eu era uma intrusa indesejada na vida secreta de sua família.
Senti um remorso terrível pela situação, imaginando que a prolongada ausência de Rosalie e de Emmett era minha culpa, mesmo que no fundo me agradasse não precisar vê-la. De Emmett, o irmão de Edward que era um urso brincalhão, eu tinha saudade. De muitas maneiras, ele era como o irmão mais velho que eu sempre quis… Só que muito, muito mais apavorante.
Edward decidiu mudar de assunto.
Senti um remorso terrível pela situação, imaginando que a prolongada ausência de Rosalie e de Emmett era minha culpa, mesmo que no fundo me agradasse não precisar vê-la. De Emmett, o irmão de Edward que era um urso brincalhão, eu tinha saudade. De muitas maneiras, ele era como o irmão mais velho que eu sempre quis… Só que muito, muito mais apavorante.
Edward decidiu mudar de assunto.
— E, então, já que não me deixa comprar o Audi para você, não há nada que gostaria de aniversário?
As palavras saíram num sussurro.
— Você sabe o que eu quero.
Uma ruga funda vincou sua testa de mármore. Ele, obviamente, preferia ter continuado no assunto de Rosalie.
Parecia que íamos discutir muito hoje.
Parecia que íamos discutir muito hoje.
— Hoje não, Bella, por favor.
— Bom, talvez Alice me dê o que eu quero.
Edward grunhiu — um som grave e ameaçador.
— Este não será seu último aniversário, Bella — jurou ele.
— Isso não é justo!
Pensei ter ouvido seus dentes trincarem.
Agora estávamos parando na casa dele. Uma luz forte saía de cada janela dos dois primeiros andares. Uma longa fila de lanternas japonesas reluzentes pendia do beiral da varanda, refletindo uma radiância suave nos enormes cedros que cercavam a casa. Vasos grandes de flores — rosas cor-de-rosa — ladeavam a escada larga até a porta da frente.
Eu gemi.
Edward respirou fundo algumas vezes para se acalmar.
Eu gemi.
Edward respirou fundo algumas vezes para se acalmar.
— Isto é uma festa — lembrou-me ele. — Procure levar na esportiva.
— Claro — murmurei.
Ele veio até minha porta e me ofereceu a mão.
— Tenho uma pergunta.
Ele esperou, preocupado.
— Se eu revelar este filme — disse, brincando com a câmera nas mãos —, vocês vão aparecer nas fotos?
Edward começou a rir. Ajudou-me a sair do carro, empurrou-me pela escada e ainda estava rindo enquanto abria a porta para mim.
Todos esperavam na enorme sala de estar branca; quando passei pela porta, eles me receberam com um coro alto de “Parabéns pra você” enquanto eu corava e olhava para baixo. Alice, imaginei, tinha coberto cada superfície plana da casa com velas cor-de-rosa e dezenas de vasos de cristal repletos de centenas de rosas. Havia uma mesa com uma toalha branca ao lado do piano de cauda de Edward com um bolo de aniversário cor-de-rosa, mais rosas, uma pilha de pratos de vidro e outra, pequena, de presentes embrulhados em papel prateado.
Era cem vezes pior do que eu imaginara.
Edward, sentindo minha angústia, passou um braço encorajador em minha cintura e beijou o alto de minha cabeça.
Os pais de Edward, Carlisle e Esme — incrivelmente jovens e lindos, como sempre —, eram os que estavam mais perto da porta. Esme me abraçou com cuidado, o cabelo macio cor de caramelo roçando meu rosto enquanto ela me dava um beijo na testa, e depois Carlisle pôs o braço em meus ombros.
Todos esperavam na enorme sala de estar branca; quando passei pela porta, eles me receberam com um coro alto de “Parabéns pra você” enquanto eu corava e olhava para baixo. Alice, imaginei, tinha coberto cada superfície plana da casa com velas cor-de-rosa e dezenas de vasos de cristal repletos de centenas de rosas. Havia uma mesa com uma toalha branca ao lado do piano de cauda de Edward com um bolo de aniversário cor-de-rosa, mais rosas, uma pilha de pratos de vidro e outra, pequena, de presentes embrulhados em papel prateado.
Era cem vezes pior do que eu imaginara.
Edward, sentindo minha angústia, passou um braço encorajador em minha cintura e beijou o alto de minha cabeça.
Os pais de Edward, Carlisle e Esme — incrivelmente jovens e lindos, como sempre —, eram os que estavam mais perto da porta. Esme me abraçou com cuidado, o cabelo macio cor de caramelo roçando meu rosto enquanto ela me dava um beijo na testa, e depois Carlisle pôs o braço em meus ombros.
— Desculpe, Bella — ele sussurrou. — Não conseguimos refrear Alice.
Rosalie e Emmett estavam atrás deles. Rosalie não sorriu, mas pelo menos não me encarou. O rosto de Emmett estava esticado em um sorriso enorme. Fazia meses desde que eu os vira; tinha me esquecido de como Rosalie era gloriosamente bonita — quase doía olhar para ela. E será que Emmett sempre fora tão… grande?
— Você não mudou nada — disse Emmett com uma falsa decepção. — Eu esperava uma diferença perceptível, mas aqui está você, com a cara vermelha de sempre.
— Muito obrigada, Emmett — eu disse, corando ainda mais.
Ele riu.
— Preciso sair por um segundo. — Ele parou para dar uma piscadela para Alice. — Não faça nada de divertido na minha ausência.
— Vou tentar.
Alice soltou a mão de Jasper e pulou para a frente, todos os dentes cintilando na luz intensa. Jasper sorriu também, mas manteve distância. Ele se encostou, longo e louro, no pilar ao pé da escada. Nos dias que tivemos de passar juntos em Phoenix, pensei que ele tivesse superado sua aversão por mim, mas ele voltara a agir do mesmo modo que antes — evitando-me ao máximo — no momento em que se livrou da obrigação temporária de me proteger. Eu sabia que não era pessoal, só uma precaução, e tentava não ser muito sensível a isso. Jasper tinha mais problemas para se prender à dieta dos Cullen do que o restante deles; era muito mais difícil para ele resistir ao cheiro de sangue humano do que para os outros — ele não havia tentado por tanto tempo.
— Hora de abrir os presentes — declarou Alice. Ela pôs a mão fria sob meu cotovelo e me conduziu à mesa com o bolo e os pacotes cintilantes.
Fiz a melhor cara de mártir que pude.
— Alice, pensei ter dito a você que não queria nada…
— Mas eu não dei ouvidos — interrompeu ela, presunçosa. — Abra. — Ela tirou a câmera de minha mão e a substituiu por uma caixa prateada grande e quadrada.
A caixa era tão leve que parecia vazia. A etiqueta em cima dizia que era de Emmett, Rosalie e Jasper. Constrangida, rasguei o papel de presente e olhei a caixa que ele abrigava.
Era algum produto eletrônico, com um nome cheio de números. Abri a caixa, esperando por mais esclarecimentos. Mas a caixa estava mesmo vazia.
Era algum produto eletrônico, com um nome cheio de números. Abri a caixa, esperando por mais esclarecimentos. Mas a caixa estava mesmo vazia.
— Hmmm… Obrigada.
Rosalie realmente deu uma risadinha. Jasper riu.
— É um sistema de som para sua picape — explicou ele. — Emmett está instalando agora mesmo para que você não possa devolver.
Alice sempre estava um passo além de mim.
— Obrigada, Jasper, Rosalie — eu lhes disse, sorrindo enquanto me lembrava das reclamações de Edward de meu rádio naquela tarde; tudo armação, ao que parecia. — Obrigada, Emmett! — gritei mais alto.
Ouvi sua risada estrondosa vinda de meu carro e não consegui deixar de rir também.
— Abra agora o meu e de Edward — disse Alice, tão empolgada que sua voz era uma melodia aguda. Ela segurava uma caixa quadrada e pequena.
Eu me virei para Edward com um olhar venenoso.
— Você prometeu.
Antes que ele pudesse responder, Emmett irrompeu pela porta.
— Bem a tempo! — gritou ele. Ele se espremeu ao lado de Jasper, que também tinha chegado mais perto do que o habitual para ver melhor.
— Não gastei um centavo — garantiu-me Edward. Ele tirou uma mecha de cabelo de meu rosto, deixando minha pele formigando com seu toque.
Respirei fundo e me virei para Alice.
— Pode me dar — suspirei.
Emmett riu de prazer.
Peguei o pacotinho, revirando os olhos para Edward enquanto passava o dedo sob a beira do papel e o puxava da fita.
— Droga — murmurei quando o papel cortou meu dedo. Puxei-o para examinar os danos. Uma única gota de sangue saía do corte minúsculo.
Então tudo aconteceu com muita rapidez.
— Não! — rugiu Edward.
Ele se atirou sobre mim, jogando-me de costas contra a mesa. Ela desabou, como eu, espalhando o bolo e os presentes, as flores e os pratos. Aterrissei na bagunça de cristal espatifado. Jasper se lançou sobre Edward e o som era como o estrondo de pedregulhos rolando em uma ladeira.
Houve outro barulho, um grunhido terrível que parecia vir do fundo do peito de Jasper. Ele tentou passar por Edward, batendo os dentes a centímetros do rosto dele.
Emmett pegou Jasper por trás no segundo exato, fechando-o em um aperto de aço, mas Jasper lutava, os olhos desvairados e vazios focalizados só em mim.
Além do choque, também houve dor. Eu tombei no chão junto ao piano, com os braços estendidos instintivamente para me proteger dos cacos de vidro na queda. Só então senti a lancinante dor em brasa que subia de meu punho até a dobra de meu cotovelo.
Tonta e desorientada, desviei a atenção do sangue vermelho e brilhante que jorrava de meu braço — e olhei nos olhos febris dos seis vampiros repentinamente vorazes.
Houve outro barulho, um grunhido terrível que parecia vir do fundo do peito de Jasper. Ele tentou passar por Edward, batendo os dentes a centímetros do rosto dele.
Emmett pegou Jasper por trás no segundo exato, fechando-o em um aperto de aço, mas Jasper lutava, os olhos desvairados e vazios focalizados só em mim.
Além do choque, também houve dor. Eu tombei no chão junto ao piano, com os braços estendidos instintivamente para me proteger dos cacos de vidro na queda. Só então senti a lancinante dor em brasa que subia de meu punho até a dobra de meu cotovelo.
Tonta e desorientada, desviei a atenção do sangue vermelho e brilhante que jorrava de meu braço — e olhei nos olhos febris dos seis vampiros repentinamente vorazes.
Obs: Lua Nova é o segundo livro da série criada pela escritora Stephenie Meyer. Conheça o primeiro volume desta saga, leia um trecho do livro Crepúsculo.
Trecho do Livro: Eclipse | Stephenie Meyer
Eclipse é o terceiro livro da série Crepúsculo, criada por Stephenie Meyer. O livro já está em pré-venda e será lançado dia 16/01/2009.
.
Livro: Eclipse
.
Livro: Eclipse
Prólogo
Todos os subterfúgios que tentamos foram em vão.
Com gelo no coração, eu o vi se preparar para me defender. Sua intensa concentração não demonstrava sinal algum de dúvida, embora eles estivessem em maior número. Eu sabia que não podíamos esperar qualquer ajuda — naquele momento, era certo que a família dele lutava pela própria vida assim como ele lutava pela nossa.
Será que um dia eu saberia o resultado desse outro combate? Descobriria quem haviam sido os vencedores e os perdedores? Eu viveria tempo suficiente para isso?
As probabilidades não eram muito boas.
Olhos negros, selvagens com o desejo feroz por minha morte, esperavam o momento em que meu protetor estivesse distraído. O momento em que eu certamente morreria.
Em algum lugar, longe, muito longe na floresta fria, um lobo uivou.
.
.
1. ULTIMATO
.
Bella,
Bella,
Não sei por que você está fazendo Charlie levar bilhetes ao Billy como se estivéssemos na segunda série, se eu quisesse falar com você teria atendido o
Foi você quem escolheu, tá legal? Não pode ter as duas coisas quando
Que parte de “inimigos mortais” é complicada demais para você
Olha, sei que estou sendo um imbecil, mas não há como
Não podemos ser amigos quando você fica o tempo todo com um bando de
As coisas só ficam piores quando eu penso demais em você, então não escreva mais
Sim, eu sinto sua falta também. Muito. Isso não muda nada. Desculpe.
Jacob
.
Passei os dedos pela folha de papel, sentindo as marcas onde ele pressionara tanto a caneta que quase a rasgou. Eu podia imaginá-lo escrevendo isso — rabiscando as letras furiosas com sua caligrafia tosca, riscando linha após linha quando as palavras saíam erradas, talvez até quebrando a caneta com sua mão grande demais; isso explicaria as manchas de tinta. Eu podia imaginar a frustração unindo suas sobrancelhas pretas e enrugando sua testa. Se eu estivesse lá, poderia até rir. Não tenha um derrame cerebral por isso, Jacob, eu teria dito a ele. É só colocar para fora.
.
Passei os dedos pela folha de papel, sentindo as marcas onde ele pressionara tanto a caneta que quase a rasgou. Eu podia imaginá-lo escrevendo isso — rabiscando as letras furiosas com sua caligrafia tosca, riscando linha após linha quando as palavras saíam erradas, talvez até quebrando a caneta com sua mão grande demais; isso explicaria as manchas de tinta. Eu podia imaginar a frustração unindo suas sobrancelhas pretas e enrugando sua testa. Se eu estivesse lá, poderia até rir. Não tenha um derrame cerebral por isso, Jacob, eu teria dito a ele. É só colocar para fora.
Rir era a última coisa que eu queria fazer agora, ao reler as palavras que eu já memorizara. Sua resposta a meu pedido — passado de Charlie a Billy e depois a ele exatamente como na segunda série, conforme ele observara — não era surpresa. Eu sabia a essência do que ele ia dizer antes de abrir o papel.
Surpreendente era o quanto cada linha riscada me feria — como se as pontas das letras tivessem bordas afiadas. Mais do que isso, por trás de cada começo irritado pairava um enorme poço de mágoa; a dor de Jacob me cortava mais fundo do que a minha própria.
Enquanto pensava nisso, senti o aroma inconfundível de queimado subindo da cozinha. Em outra casa, o fato de uma pessoa que não fosse eu estar cozinhando não devia ser motivo de pânico.
Enfiei o papel amarrotado no bolso de trás e corri. Desci a escada num átimo.
O vidro de molho de espaguete que Charlie colocara no microondas só estava em sua primeira volta quando abri a porta e o tirei de lá.
— O que foi que eu fiz de errado? — Charlie perguntou.
— Você devia ter tirado a tampa primeiro, pai. Não pode colocar metal no microondas. — Retirei rapidamente a tampa enquanto falava, despejei metade do molho numa tigela e a coloquei dentro do microondas e o vidro de volta à geladeira; determinei o tempo e apertei o botão “Ligar”.
Charlie observava meus ajustes com os lábios franzidos.
— Fiz o macarrão direito?
Olhei a panela no fogão — a origem do cheiro que me alertara.
— É bom mexer — eu disse com doçura. Peguei uma colher e tentei desfazer a papa grudenta que queimava no fundo.
Charlie suspirou.
— Mas o que significa isso tudo? — perguntei.
Ele cruzou os braços e olhou pela vidraça dos fundos a chuva que caía forte.
— Não sei do que você está falando — grunhiu ele.
Fiquei pasma. Charlie cozinhando? E por que aquela atitude ríspida?
Edward ainda não havia chegado; em geral, meu pai reservava esse tipo de comportamento para meu namorado, fazendo o máximo para exemplificar o assunto “incômodo” em cada palavra e gesto. Os esforços de Charlie eram desnecessários — Edward sabia exatamente o que meu pai estava pensando sem que ele demonstrasse.
A palavra namorado foi revirada por dentro da bochecha com uma tensão familiar enquanto eu mexia a panela. Não era a palavra certa, definitivamente. Eu precisava de alguma que expressasse melhor o compromisso eterno… Mas palavras como destino e sina pareciam piegas quando usadas numa conversa comum.
Edward tinha outra palavra em mente, que era a origem da tensão que eu sentia. Eu tinha arrepios só de pensar nela.
Noiva. Argh. Dei de ombros para me livrar da idéia.
— Perdi alguma coisa? Desde quando você faz o jantar? — perguntei a Charlie. O bolo de massa borbulhou na água fervente enquanto eu a cutucava. — Ou tenta fazer o jantar, melhor dizendo.
Charlie deu de ombros.
— Não há nenhuma lei que me proíba de cozinhar em minha própria casa.
— Você saberia disso — respondi, sorrindo ao olhar o distintivo alfinetado em sua jaqueta de couro.
— Rá. Essa é boa.
Ele tirou a jaqueta, como se meu olhar o lembrasse de que ainda a estava vestindo, e a pendurou no gancho reservado para suas roupas. O cinto com a arma já estava no lugar — ele não sentia a necessidade de usá-la na delegacia havia algumas semanas. Não tinha havido mais desaparecimentos perturbadores para transtornar a cidadezinha de Forks, em Washington, ninguém mais vira lobos gigantescos e misteriosos nos bosques sempre chuvosos…
Eu mexia o macarrão em silêncio, imaginando que em seu próprio tempo Charlie acabaria por falar sobre o que o incomodava. Meu pai não era um homem de muitas palavras, e o esforço dispensado tentando preparar um jantar para nós dois deixava claro que havia um número incomum de palavras em sua mente.
Olhei o relógio, por hábito, algo que eu sempre fazia mais ou menos nesse horário. Agora faltava menos de meia hora.
As tardes eram a parte mais difícil de meu dia. Desde que meu ex-melhor amigo (e lobisomem) Jacob Black me dedurara sobre a moto que eu pilotara escondido — uma traição que ele concebera a fim de me deixar de castigo para que eu não pudesse ficar com meu namorado (e vampiro) Edward Cullen —, Edward tinha permissão para me ver só das sete às nove e meia da noite, sempre no recesso do meu lar e sob a supervisão do olhar infalivelmente rabugento de meu pai.
Isso era uma evolução do castigo anterior e menos restritivo que eu recebera por um desaparecimento inexplicado de três dias e um episódio de mergulho de penhasco.
É claro que eu ainda via Edward na escola, porque não havia nada que Charlie pudesse fazer a respeito disso. E, também, Edward passava quase todas as noites em meu quarto, mas Charlie não sabia. A capacidade de Edward de escalar facilmente e em silêncio até minha janela no segundo andar era quase tão útil quanto sua habilidade de ler a mente de Charlie.
Embora eu ficasse longe de Edward só na parte da tarde, era o suficiente para me deixar inquieta, e as horas sempre se arrastavam. Ainda assim, suportava minha punição sem reclamar porque — primeiro — eu sabia que merecia e — segundo — porque eu não podia suportar magoar meu pai saindo de casa agora, quando pairava uma separação muito mais permanente, invisível para Charlie, tão próxima em meu horizonte.
Meu pai se sentou à mesa com um grunhido e abriu o jornal úmido que estava ali; segundos depois, estava estalando a língua de reprovação.
— Não sei por que lê o jornal, pai. Isso só o aborrece.
Ele me ignorou, resmungando para o jornal nas mãos.
— É por isso que todo mundo quer morar numa cidade pequena! Ridículo.
— O que as cidades grandes fizeram de errado agora?
— Seattle está se tornando a capital de homicídios do país. Cinco assassinatos sem solução nas últimas duas semanas. Dá para imaginar viver assim?
— Acho que Phoenix tem uma taxa de homicídios mais alta, pai. Eu vivi assim. — E nunca estive prestes a ser uma vítima de assassinato antes de me mudar para esta cidadezinha segura. Na verdade, eu ainda estava em várias estatísticas de risco… A colher tremeu em minhas mãos, agitando a água.
— Bom, você não tem como me cobrar por isso — disse Charlie.
Eu desisti de salvar o jantar e preparei-me para servi-lo; tive de usar uma faca de carne para cortar uma porção de espaguete para Charlie e depois para mim, enquanto ele observava com uma expressão encabulada. Charlie cobriu sua porção com molho e comeu. Eu disfarcei meu próprio pedaço ao máximo que pude e segui seu exemplo sem muito entusiasmo. Comemos em silêncio por um momento. Charlie ainda olhava as notícias, então peguei meu exemplar muito surrado de O morro dos ventos uivantes de onde deixara naquela manhã e tentei me perder na Inglaterra da virada do século enquanto esperava que ele começasse a falar.
Eu estava na parte em que Heathcliff volta quando Charlie deu um pigarro e atirou o jornal no chão.
— Você tem razão — disse Charlie. — Eu tinha um motivo para fazer isso. — Ele agitou o garfo para a gororoba. — Queria conversar com você.
Deixei o livro de lado.
— Podia simplesmente ter falado.
Ele assentiu, as sobrancelhas se unindo.
— É. Vou me lembrar disso da próxima vez. Pensei que tirar o jantar de suas mãos amoleceria você.
Eu ri.
— Funcionou… Suas habilidades culinárias me deixaram mole feito marshmallow. Do que você precisa, pai?
— Bom, é sobre Jacob.
Senti meu rosto enrijecer.
— O que tem ele? — perguntei por entre os lábios rígidos.
— Calma, Bells. Sei que ainda está chateada por ele ter delatado você, mas foi a atitude certa. Ele estava sendo responsável.
— Responsável — repeti com sarcasmo, revirando os olhos. — Muito bem, então, o que tem Jacob?
A pergunta despreocupada que se repetiu em minha cabeça era tudo, menos banal. O quem tem Jacob? O que eu ia fazer com ele? Meu ex-melhor amigo que agora era… o quê? Meu inimigo? Eu me encolhi.
A expressão de Charlie de repente era de preocupação.
— Não fique chateada comigo, está bem?
— Chateada?
— Bom, é sobre Edward também.
Meus olhos se estreitaram.
A voz de Charlie ficou mais ríspida.
— Eu o deixo entrar aqui em casa, não é?
— Deixa mesmo — admiti. — Por períodos curtos de tempo. É claro que você também podia me deixar sair de casa por períodos curtos de vez em quando — continuei, só de brincadeira; eu sabia que ficaria trancafiada aqui por todo o ano letivo. — Tenho sido muito boazinha ultimamente.
— Bom, era aí que eu ia chegar… — E, então, o rosto de Charlie se esticou num sorriso inesperado que fez rugas nos olhos; por um segundo ele parecia vinte anos mais novo.
Eu vi um brilho fraco de possibilidade naquele sorriso, mas continuei, devagar.
— Estou confusa, pai. Está falando de Jacob, de Edward ou de meu castigo?
O sorriso faiscou de novo.
— Mais ou menos dos três.
— E qual é a relação entre eles? — perguntei, cautelosa.
— Tudo bem. — Ele suspirou, erguendo as mãos como se estivesse se rendendo. — Estou pensando que talvez você mereça uma condicional por bom comportamento. Para uma adolescente, você reclama muito pouco. Minha voz e as sobrancelhas se ergueram.
— É sério? Estou livre?
De onde vinha isso? Eu tinha certeza de que ficaria em prisão domiciliar até que realmente me mudasse, e Edward não captara nenhuma oscilação nos pensamentos de Charlie…
Charlie ergueu um dedo.
— Sob uma condição.
O entusiasmo desapareceu.
— Ótimo — suspirei.
— Bella, isto é mais um pedido do que uma ordem, está bem? Você está livre. Mas espero que vá usar a liberdade… com critério.
— O que isso quer dizer?
Ele suspirou de novo.
— Sei que está satisfeita por ficar o tempo todo com Edward…
— Também fico com Alice — interrompi. A irmã de Edward não tinha hora de visita; entrava e saía quando bem entendia. Charlie era massa de modelar nas mãos eficientes de Alice.
— Isso é verdade — disse ele. — Mas você tem outros amigos além dos Cullen, Bella. Ou tinha, antigamente.
Nós nos olhamos por um longo momento.
— Quando foi a última vez que você falou com Angela Weber? — atirou ele para cima de mim.
— Na sexta-feira, no almoço — respondi de imediato.
Antes da volta de Edward, meus amigos da escola se polarizaram em dois grupos. Eu preferia pensar neles como os bons e os maus. Nós e eles também funcionava. Os bons eram Angela, o namorado firme dela, Ben Cheney, e Mike Newton; estes três me perdoaram de modo generoso por ter enlouquecido quando Edward foi embora. Lauren Mallory era o núcleo mau do lado deles, e quase todos os outros, inclusive minha primeira amiga em Forks, Jessica Stanley, pareciam satisfeitos em continuar no programa anti-Bella.
Com Edward de volta à escola, a linha divisória ficara ainda mais distinta. A volta de Edward cobrara seu tributo sobre a amizade de Mike, mas Angela era inabalavelmente fiel, e Ben seguia seu exemplo. Apesar da aversão natural que sentiam pelos Cullen, Angela se sentava por educação ao lado de Alice todo dia no almoço. Depois de algumas semanas, Angela até parecia à vontade ali. Era difícil não se encantar com os Cullen — depois que eles lhe dessem a chance de ficar encantado.
— Fora da escola? — perguntou Charlie, recuperando minha atenção.
— Eu não vejo ninguém fora da escola, pai. De castigo, lembra? E Angela tem namorado também. Ela sempre está com o Ben. Se eu fosse mesmo livre — acrescentei, cheia de ceticismo —, talvez pudéssemos sair juntos.
— Tudo bem. Mas então… — ele hesitou. — Você e Jake costumavam ser como unha e carne, e agora…
Eu o interrompi.
— Pode dizer aonde quer chegar, pai? Qual é sua condição… exatamente?
— Não acho que você deva abandonar todos os seus outros amigos por causa de seu namorado, Bella — disse ele numa voz severa. — Não é bom, e acho que sua vida será mais equilibrada se você tiver outras pessoas nela. O que aconteceu em setembro…
Eu me encolhi.
— Bom — disse ele, na defensiva. — Se você tivesse uma vida à parte de Edward Cullen, poderia não ter sido daquele jeito.
— Teria sido exatamente igual — murmurei.
— Talvez sim, talvez não.
— E então? — lembrei a ele.
— Use sua nova liberdade para ver seus outros amigos também. Tenha equilíbrio.
Assenti devagar.
— Equilíbrio é bom. Mas tenho algumas quotas específicas para cumprir?
Ele fez uma careta, mas sacudiu a cabeça.
— Não quero dificultar nada. Só não se esqueça de seus amigos…
Era um dilema com o qual ainda estava lutando. Meus amigos. Para a própria segurança deles, gente que jamais poderia ver de novo depois da formatura.
Então qual é o melhor modo de agir? Passar tempo com eles enquanto podia? Ou começar a separação agora para torná-la mais gradual? Desanimei diante da idéia da segunda opção.
— … em particular, Jacob — acrescentou Charlie, antes que eu pudesse pensar melhor.
Um dilema maior que o primeiro. Levei um momento para encontrar as palavras certas.
— Com Jacob pode ser… complicado.
— Os Black são praticamente da família, Bella — disse ele, severo e paternal de novo. — E Jacob foi um amigo muito, muito bom para você.
— Sei disso.
— Você não sente falta dele? — perguntou Charlie, frustrado.
Minha garganta de repente parecia inchada; tive de pigarrear duas vezes para responder.
— Sim, sinto falta dele — admiti, ainda olhando para baixo. — Sinto muita saudade dele.
— Então, por que é difícil?
Não era uma questão que eu tivesse liberdade para explicar. Contrariava as regras para pessoas normais — pessoas humanas, como eu e Charlie — saber do mundo clandestino cheio de mitos e de monstros que existia em segredo em volta de nós. Eu sabia desse mundo — e, como conseqüência, os problemas não eram poucos. Eu não ia envolver Charlie nas mesmas confusões.
— Com Jacob existe um… conflito — eu disse devagar. — Um conflito sobre a amizade, quero dizer. A amizade nem sempre parece ser suficiente para Jake. — Encobri minha desculpa com os detalhes que eram verdadeiros porém insignificantes, em nada cruciais quando comparados ao fato de que o bando de lobisomens de Jake tinha um ódio cruel da família de vampiros de Edward — e, portanto, a mim também, porque eu pretendia me unir de modo pleno a essa família. Não era um assunto que eu pudesse resolver com ele num bilhete, e ele não atendia a meus telefonemas. Mas meu plano de lidar com o lobisomem em pessoa, com certeza, não se coadunava com os vampiros.
— Edward não está preparado para uma pequena competição saudável?
— A voz de Charlie agora era sarcástica.
Olhei sombriamente para ele.
— Não existe competição.
— Você está ferindo os sentimentos de Jake, evitando-o desse jeito. Ele prefere ser amigo a nada.
Ah, agora eu é que o estava evitando?
— Tenho certeza absoluta de que Jake não quer ser amigo coisa nenhuma.
— As palavras arderam em minha garganta. — Aliás, de onde você tirou essa idéia?
Charlie ficou constrangido.
— O assunto talvez tenha surgido hoje numa conversa com Billy…
— Você e Billy fofocam feito umas velhinhas — reclamei, enfiando a faca com violência no espaguete congelado em meu prato.
— Billy está preocupado com Jacob — disse Charlie. — Jake está passando por dificuldades agora… Está deprimido.
Eu estremeci, mas não tirei os olhos da maçaroca.
— E você sempre ficava muito feliz depois de passar o dia com Jake. — Charlie suspirou.
— Eu estou feliz agora. — Grunhi ferozmente entre os dentes.
O contraste entre minhas palavras e o tom rompeu a tensão. Charlie explodiu numa gargalhada e eu tive de acompanhá-lo.
— Tá legal, tudo bem — concordei. — Equilíbrio.
— E Jacob — insistiu ele.
— Vou tentar.
— Ótimo. Encontre esse equilíbrio, Bella. E, ah, sim, você recebeu correspondência — disse Charlie, encerrando o assunto sem sutileza alguma.
— Está ao lado do fogão.
Não me mexi, meus pensamentos girando confusos em torno do nome de Jacob. Era mais provável que fosse mala-direta; tinha recebido um pacote de minha mãe no dia anterior e não estava esperando mais nada.
Charlie afastou a cadeira da mesa e se espreguiçou quando ficou de pé. Levou o prato dele à pia mas, antes de abrir a água para lavá-lo, parou para atirar um envelope a mim. A carta escorregou pela mesa até meu cotovelo.
— Hã, obrigada — murmurei, confusa pela pressão. Depois vi o endereço do remetente. A carta era da Universidade do Sudeste do Alasca. — Essa foi rápida. Acho que esqueci o prazo desta também.
Charlie riu. Virei o envelope e olhei para ele.
— Está aberta.
— Eu fiquei curioso.
— Estou chocada, xerife. Isso é crime federal.
— Ah, leia isso logo.
Eu saquei a carta e alguns palavrões.
— Meus parabéns — disse ele antes que eu pudesse ler alguma palavra.
— Sua primeira admissão.
— Obrigada, pai.
— Precisamos conversar sobre os custos. Tenho algum dinheiro guardado…
— Ei, ei, nada disso. Não vou tocar na sua aposentadoria, pai. Eu tenho meu fundo universitário. — O que restava dele; nem havia muito no começo.
Charlie franziu o cenho.
— Alguns desses lugares são muito caros, Bella. Quero ajudar. Você não tem que ir para o Alasca só porque é mais barato.
Não era mais barato, não mesmo. Mas ficava bem longe e Juneau tinha uma média de 321 dias nublados por ano. O primeiro pré-requisito era meu, o segundo, de Edward.
— Eu posso pagar. Além disso, tem muito apoio financeiro por lá. É fácil conseguir crédito. — Eu esperava que meu blefe não fosse óbvio demais. Não tinha pesquisado muito sobre o assunto.
— Então… — Charlie começou, depois franziu os lábios e desviou os olhos.
— Então o quê?
— Nada. Eu só estava… — Ele fechou a cara. — Só me perguntava… Quais são os planos de Edward para o ano que vem?
— Ah!
— E então?
Três batidas rápidas na porta me salvaram. Charlie revirou os olhos e eu me levantei num salto.
— Já vou! — gritei enquanto Charlie murmurava alguma frase que parecia “Suma daqui”. Eu o ignorei e fui abrir a porta para Edward.
Eu escancarei a porta — ridiculamente ansiosa — e lá estava ele, meu milagre pessoal.
O tempo não me deixara imune à perfeição de seu rosto, e eu tinha certeza de que nenhum aspecto dele deixaria de me surpreender. Meus olhos acompanharam suas feições pálidas: o quadrado do queixo, a curva suave dos lábios cheios — agora retorcidos num sorriso —, a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maçãs do rosto, o mármore macio da testa — parcialmente oculta por uma mecha de cabelo bronze, escuro com a chuva…
Deixei os olhos para o final, sabendo que, quando olhasse dentro deles, talvez perdesse o fio do pensamento. Eles eram grandes, calorosos como de ouro líquido, e emoldurados por uma franja grossa de cílios escuros. Olhar seus olhos sempre fazia com que eu me sentisse extraordinária — como se meus ossos tivessem virado esponja. Eu também ficava um pouco tonta, mas isso devia ser porque eu me esquecia de respirar. De novo.
Era um rosto que qualquer modelo no mundo daria a alma para conseguir. É claro que este podia ser exatamente o preço pedido: uma alma.
Não. Eu não acreditava nisso. Sentia-me culpada até de pensar nisso e estava feliz — como sempre ficava — por ser a única pessoa cujos pensamentos eram um mistério para Edward.
Peguei sua mão e suspirei quando seus dedos frios encontraram os meus. Seu toque vinha com a sensação estranha de alívio — como se eu estivesse com dor e o sofrimento de repente cessasse.
— Oi. — Eu sorri um pouco para minha recepção anticlimática.
Ele ergueu nossos dedos entrelaçados para afagar meu rosto com as costas da mão.
— Como foi sua tarde?
— Lerda.
— A minha também.
Ele puxou meu punho até seu rosto, nossas mãos ainda entrelaçadas. Seus olhos se fecharam à medida que o nariz roçava a pele ali, e ele sorriu delicadamente, sem abri-los. Desfrutando o buquê enquanto resistia ao vinho, como certa vez ele mencionou.
Eu sabia que o cheiro do meu sangue — mais doce para ele do que o sangue de qualquer outro, do mesmo modo que vinho ao lado de água para um alcoólatra — causava-lhe dor pela sede ardente que produzia. Mas ele não parecia fugir dele, como fizera um dia. Eu só podia imaginar o esforço hercúleo por trás desse gesto simples.
Entristecia-me que ele tivesse de se esforçar tanto. Eu me reconfortava por saber que não seria a causa de sua dor por muito mais tempo.
Ouvi Charlie se aproximando então, batendo os pés para expressar seu costumeiro desprazer com nosso convidado. Os olhos de Edward se abriram e ele deixou nossas mãos caírem, mantendo-as entrelaçadas.
— Boa noite, Charlie. — Edward era sempre impecavelmente educado, embora Charlie não merecesse isso.
Charlie grunhiu para ele, depois ficou parado ali, de braços cruzados. Nos últimos tempos levava a idéia de supervisão paterna a extremos.
— Trouxe mais alguns formulários de universidades — disse-me Edward depois, estendendo um envelope pardo estufado. Ele trazia um rolo de selos feito um anel em seu dedo mínimo.
Eu gemi. Como era possível que ainda existissem tantas universidades a que ele ainda não me obrigara a me candidatar? E como ele continuava encontrando essas brechas? O prazo já estava se esgotando.
Ele sorriu como se pudesse ler meus pensamentos; deviam ter ficado muito evidentes em meu rosto.
— Ainda há alguns prazos abertos. E alguns lugares dispostos a abrir exceções.
Eu podia imaginar as motivações por trás dessas exceções. E a quantia em dólares envolvida.
Edward riu da minha expressão.
— Podemos? — perguntou ele, conduzindo-me para a mesa da cozinha.
Charlie bufou e nos seguiu, embora não pudesse se queixar da atividade programada para a noite. Ele me atormentava diariamente para tomar uma decisão sobre a universidade.
Limpei a mesa enquanto Edward organizava uma pilha intimidadora de formulários. Quando passei O morro dos ventos uivantes para a bancada, Edward ergueu uma sobrancelha. Eu sabia o que ele estava pensando, mas Charlie interrompeu antes que Edward pudesse comentar.
— Por falar em formulários de universidades, Edward — disse Charlie, seu tom ainda mais rabugento; ele evitava se dirigir diretamente a Edward e, quando tinha de fazer isso, exagerava no mau humor —, Bella e eu acabamos de conversar sobre o ano que vem. Já decidiu para onde vai?
Edward sorriu para Charlie e sua voz era simpática.
— Ainda não. Recebi algumas cartas de admissão, mas ainda estou pensando em minhas opções.
— Onde você foi admitido? — pressionou Charlie.
— Syracusa… Harvard… Dartmouth… e recebi a carta de admissão da Universidade do Sudeste do Alasca hoje. — Edward virou o rosto um pouco para o lado, de modo que pudesse piscar para mim. Reprimi uma risada.
— Harvard? Dartmouth? — murmurou Charlie, incapaz de esconder a incredulidade. — Bom, isso é bem… é muita coisa. É, mas a Universidade do Alasca… Você não pensaria de verdade nela quando pode ir para uma universidade da Ivy League. Quer dizer, seu pai ia querer que você…
— Carlisle sempre apóia as decisões que eu tomo — disse Edward com serenidade.
— Umpf.
— Adivinha só, Edward? — eu disse numa voz animada, entrando no jogo.
— Que foi, Bella?
Apontei para o envelope grosso na bancada.
— Acabo de receber minha admissão na Universidade do Alasca!
— Meus parabéns! — Ele sorriu. — Que coincidência.
Os olhos de Charlie se estreitaram e ele olhou de um para o outro.
— Ótimo — murmurou ele depois de um minuto. — Vou ver o jogo, Bella. Nove e meia.
Este era o comando de partida de sempre.
— Hã, pai? Lembra o que acabamos de conversar sobre minha liberdade…?
Ele suspirou.
— É verdade. Tudo bem, dez e meia. Você ainda tem um toque de recolher nos dias úteis.
— Bella não está mais de castigo? — perguntou Edward.
Embora eu soubesse que ele não estava realmente surpreso, não consegui detectar nenhuma nota falsa na emoção súbita de sua voz.
— Com uma condição — corrigiu Charlie entre os dentes. — O que você tem a ver com isso?
Fiz uma cara bem feia para meu pai, mas ele não viu.
— É só que é bom saber — disse Edward. — Alice anda ansiosa por uma companhia para as compras, e tenho certeza de que Bella adoraria ver algumas luzes da cidade. — Ele sorriu para mim.
Mas Charlie grunhiu.
— Não! — Sua fisionomia ficou roxa.
— Pai! Qual é o problema?
Ele fez um esforço para descerrar os dentes.
— Não quero que você vá a Seattle agora.
— Hein?
— Eu lhe falei da reportagem no jornal… Tem uma espécie de gangue de assassinos solta em Seattle e quero que você fique longe disso, está bem?
Revirei os olhos.
— Pai, há uma probabilidade maior de eu ser atingida por um raio do que um dia eu ir a Seattle…
— Não, está tudo bem, Charlie — disse Edward, interrompendo-me. — Eu não quis dizer Seattle. Estava pensando em Portland. Eu também não deixaria Bella ir a Seattle. É claro que não.
Eu o olhei, incrédula, mas ele estava com o jornal de Charlie nas mãos e lia a primeira página com atenção.
Ele devia estar tentando acalmar meu pai. A idéia de correr perigo até do mais letal dos humanos enquanto eu estivesse com Alice ou com Edward era completamente hilariante.
Funcionou. Charlie olhou para Edward por um segundo mais, depois deu de ombros.
— Ótimo. — Ele foi para a sala de estar, agora meio com pressa; talvez não quisesse perder o aviso.
Esperei até que a tevê estivesse ligada, para que Charlie não conseguisse me ouvir.
— O que… — comecei a perguntar.
— Espere — disse Edward sem tirar os olhos do jornal. Seus olhos continuaram focalizados na página enquanto ele empurrava o primeiro formulário para mim pela mesa. — Você pode aproveitar suas respostas para este. Mesmas perguntas.
Charlie ainda devia estar ouvindo. Eu suspirei e comecei a preencher as informações de sempre: nome, endereço, estado civil… Depois de alguns minutos, olhei para cima, mas Edward agora mirava, pensativo, além da janela. Enquanto inclinava a cabeça para meu trabalho, percebi pela primeira vez o nome da universidade.
Eu bufei e atirei a folha de papel de lado.
— Bella?
— Fala sério, Edward. Dartmouth?
Edward levantou o formulário descartado e o recolocou delicadamente diante de mim.
— Acho que você ia gostar de New Hampshire — disse ele. — Há todo um complemento de cursos noturnos para mim, e as florestas são convenientemente localizadas para um andarilho ávido. Muita vida selvagem. — Ele abriu o sorriso torto a que eu não resistiria.
Respirei fundo.
— Vou deixar que me pague depois, se isso a faz feliz — prometeu ele. — Se quiser, posso lhe cobrar juros.
— Como se eu pudesse entrar sem um suborno enorme. Ou isso faz parte do empréstimo? A ala Cullen da biblioteca? Argh. Por que estamos tendo essa discussão de novo?
— Pode preencher o formulário, por favor, Bella? Não vai doer nada se candidatar.
Meu queixo destravou.
— Quer saber? Não acho que eu vá.
Estendi a mão para a papelada, pretendendo amassá-la numa forma adequada para atirar na lixeira, mas já não estava mais ali. Olhei a mesa vazia por um momento, depois para Edward. Ele não parecia ter se mexido, mas os formulários já deviam estar guardados em seu casaco.
— O que está fazendo? — perguntei.
— Eu assino seu nome melhor do que você mesma. Você já escreveu essas respostas.
— Sabe que está exagerando nisso. — Sussurrei para o caso de Charlie não estar totalmente imerso no jogo. — Não preciso me candidatar a mais lugar nenhum. Fui aceita na Alasca. Quase posso pagar as taxas do primeiro semestre. É um álibi tão bom quanto qualquer outro. Não há necessidade de gastar um monte de dinheiro, qualquer que seja a origem.
Um olhar de dor enrijeceu seu rosto.
— Bella…
— Não comece. Concordo que preciso passar por tudo isso pelo bem de Charlie, mas nós dois sabemos que não estarei em condições de ir a nenhuma universidade no outono que vem. Nem de ficar perto de gente.
Meu conhecimento dos primeiros anos como uma recém-vampira era vago. Edward nunca entrara em detalhes — não era seu assunto preferido —, mas eu sabia que não era agradável. O autocontrole aparentemente era uma habilidade adquirida. Qualquer coisa além de educação à distância estava fora de cogitação.
— Pensei que ainda não tivéssemos decidido o momento — lembrou-me Edward num tom delicado. — Você pode desfrutar de um ou dois semestres de faculdade. Há muitas experiências humanas que você nunca teve.
— Eu as terei depois.
— Elas não serão experiências humanas depois. Não se tem uma segunda chance como humana, Bella.
Suspirei.
— Você precisa ser razoável com a escolha do momento, Edward. É perigoso demais embromar nesse caso.
— Ainda não há perigo — insistiu ele.
Olhei para ele. Não há perigo? Claro. Só havia uma vampira sádica tentando vingar a morte do companheiro com a minha morte, de preferência por um método lento e torturante. Quem estava preocupado com Victoria? Ah, e sim, os Volturi — a família real vampira com seu pequeno exército de guerreiros vampiros —, que insistiram que meu coração parasse de bater de uma ou outra maneira no futuro próximo, porque os humanos não podem saber que eles existem. É verdade. Não havia motivo para todo esse pânico.
Mesmo com Alice mantendo vigilância — Edward dependia de suas visões pouco precisas do futuro para nos dar alertas antecipados — era insanidade correr o risco.
Além disso, eu já ganhara essa discussão. A data de minha transformação estava marcada para algum momento logo depois de minha formatura no ensino médio, dali a algumas semanas.
Um abalo forte de inquietude perfurou meu estômago enquanto eu percebia que me restava pouco tempo. É claro que essa mudança era necessária — e era a chave para o que eu queria mais do que tudo no mundo —, mas eu estava profundamente consciente de Charlie sentado no outro cômodo, desfrutando de seu jogo, como em qualquer outra noite. E de minha mãe, Renée, longe, na ensolarada Flórida, ainda me pedindo para passar o verão na praia com ela e o novo marido. E de Jacob, que, ao contrário de meus pais, sabia exatamente o que ia acontecer quando eu desaparecesse para alguma universidade distante. Mesmo que meus pais não ficassem desconfiados por um bom tempo, mesmo que eu pudesse dispensar as visitas com desculpas sobre despesas de viagem, carga de estudos ou doenças, Jacob saberia da verdade.
Por um momento, a idéia da revolta certa de Jacob ensombreou qualquer outra dor.
— Bella — murmurou Edward, seu rosto se retorcendo quando leu a aflição no meu. — Não há pressa. Não vou deixar ninguém ferir você. Pode levar o tempo que precisar.
— Eu tenho pressa — sussurrei, sorrindo amarelo, tentando fazer piada disso. — Quero ser um monstro também.
Seus dentes trincaram; ele falou através deles.
— Não faz idéia do que está dizendo. — De repente, ele colocou o jornal úmido na mesa entre nós. Seu dedo apontou a manchete na primeira página:
AUMENTAM AS MORTES, POLÍCIA TEME ATIVIDADE DE GANGUE
— O que isso tem a ver?
— Os monstros não são uma piada, Bella.
Olhei a manchete outra vez, depois sua expressão séria.
— Um… um vampiro está fazendo isso? — sussurrei.
Ele sorriu sem humor algum. Sua voz era baixa e fria.
— Ficaria surpresa, Bella, em ver com que freqüência minha espécie é a origem dos horrores de seu noticiário humano. É fácil reconhecer, quando você sabe o que procurar. As informações aqui indicam um vampiro recém transformado à solta em Seattle. Sedento de sangue, louco e descontrolado.Como todos nós somos.
Deixei meus olhos caírem no jornal de novo, evitando os olhos dele.
— Estamos monitorando a situação há algumas semanas. Todos os sinais estão lá… Os desaparecimentos improváveis, sempre à noite, os corpos mal desovados, a ausência de outras provas… Sim, alguém novinho em folha. E ninguém parece estar assumindo a responsabilidade pelo neófito… — Ele respirou fundo. — Bom, não é problema nosso. Não teríamos prestado atenção no caso se não estivesse tão perto de casa. Como eu disse, isso acontece o tempo todo. A existência de monstros resulta em conseqüências monstruosas.
Tentei não ver os nomes nas páginas, mas eles saltaram do texto impresso como se estivessem em negrito. As cinco pessoas cuja vida terminara, cujas famílias agora estavam de luto. Era diferente de considerar o assassinato em nível abstrato, lendo aqueles nomes. Maureen Gardiner, Geoffrey Campbell, Grace Razi, Michelle O’Connell, Ronald Albrook. Pessoas que tinham pais, filhos, amigos, animais de estimação, empregos, esperanças, planos, lembranças e futuros…
— Não seria o mesmo para mim — sussurrei, meio para mim mesma. — Você não deixaria que eu fosse assim. Vamos morar na Antártida.
Edward bufou, rompendo a tensão.
— Pingüins. Que lindo.
Soltei uma risada trêmula e tirei o jornal da mesa para não ter de ver os nomes; ele caiu no linóleo com um baque. É claro que Edward não pensaria nas possibilidades de caça. Ele e sua família “vegetariana” — todos comprometidos em proteger a vida humana — preferiam o sabor de grandes predadores para satisfazer suas necessidades alimentares.
— Alasca, então, como planejamos. Só um lugar muito mais distante de Juneau… Um lugar com muitos ursos.
— Melhor — ele cedeu. — Lá tem urso polar também. Muito feroz. E os lobos são bem grandes.
Minha boca se abriu e minha respiração soprou numa lufada áspera.
— Que foi? — perguntou ele, antes que eu pudesse me recuperar. A confusão desapareceu e todo seu corpo pareceu enrijecer. — Ah! Deixe os lobos para lá, então, se a idéia é ofensiva para você. — Sua voz era dura e formal, os ombros rígidos.
— Ele era meu melhor amigo, Edward — murmurei. Doía usar o verbo no passado. — É claro que a idéia me ofende.
— Por favor, perdoe-me por minha falta de consideração — disse ele, ainda muito formal. — Eu não devia ter sugerido isso.
— Não se preocupe. — Olhei minhas mãos, fechadas em punhos sobre a mesa.
Nós dois ficamos em silêncio por um momento, depois seu dedo frio estava sob meu queixo, erguendo meu rosto. Sua expressão era muito mais suave agora.
— Desculpe. De verdade.
— Eu sei. Sei que não é a mesma coisa. Eu não devia ter reagido assim. É só que… bom, eu já estava pensando em Jacob antes de você chegar. — Hesitei. Seus olhos castanhos pareciam ficar um pouco mais escuros sempre que eu pronunciava o nome de Jacob. Minha voz ficou suplicante em resposta a isso. — Charlie disse que Jake está passando por dificuldades. Ele agora está sofrendo, e… a culpa é minha.
— Você não fez nada de errado, Bella.
Respirei fundo.
— Preciso dar um jeito nisso, Edward. Devo isso a ele. E é uma das condições de Charlie, de qualquer modo…
Seu rosto mudou enquanto eu falava, ficando rígido de novo, como o de uma estátua.
— Sabe que está fora de cogitação você andar desprotegida com um lobisomem, Bella. E seria quebra do pacto se qualquer um de nós entrasse no território deles. Quer que comecemos uma guerra?
— É claro que não!
— Então não tem sentido continuar discutindo a questão. — Ele baixou a mão e virou o rosto, tentando mudar de assunto. Seus olhos pararam em algo atrás de mim e ele sorriu, embora os olhos continuassem preocupados.
— Fico feliz por Charlie ter decidido deixar você sair… Você precisa muitíssimo de uma visita à livraria. Nem acredito que está lendo O Morro dos Ventos Uivantes de novo. Ainda não sabe de cor?
— Nem todos nós temos memória fotográfica — eu disse asperamente.
— Com ou sem memória fotográfica, não entendo por que gosta dele. Os personagens são pessoas medonhas que arruínam a vida umas das outras. Não sei como Heathcliff e Cathy terminaram ao lado de casais como Romeu e Julieta, ou Elizabeth Bennet e o Sr. Darcy. Não é uma história de amor, é uma história de ódio.
— Você tem problemas sérios com os clássicos — eu disse.
— Talvez porque não fique impressionado com a antiguidade. — Ele sorriu, evidentemente satisfeito por ter me distraído. — Falando sério, por que você sempre lê isso? — Seus olhos agora eram vívidos de interesse, tentando, de novo, revelar o funcionamento convoluto de minha mente. Ele estendeu a mão por sobre a mesa para afagar meu rosto. — O que lhe agrada tanto?
Sua curiosidade sincera me desarmou.
— Não sei bem — eu disse, lutando para ter coerência enquanto seu olhar esfacelava meus pensamentos sem ter essa intenção. — Acho que tem algo a ver com a inevitabilidade. Nada pode separá-los… Nem o egoísmo dela, nem a maldade dele, nem mesmo a morte, no final…
Seu rosto estava pensativo enquanto ele ponderava minhas palavras. Depois de um instante, ele deu um sorriso zombeteiro.
— Ainda acho que seria uma história melhor se um deles tivesse uma qualidade que os redimisse.
— Acho que esta é a questão — discordei. — O amor dos dois é a única qualidade redentora.
— Espero que você tenha mais juízo do que isso… Se apaixonar por alguém tão… maligno.
— É meio tarde para me preocupar com quem se apaixonou por quem — assinalei. — Mas, mesmo sem o aviso, parece que eu me saí muito bem.
Ele riu baixinho.
— Fico feliz que você pense assim.
— Bom, espero que você seja bastante inteligente para ficar longe de alguém tão egoísta. É Catherine a origem de todos os problemas, não Heathcliff.
— Estarei precavido — prometeu ele.
Suspirei. Ele era tão bom nas distrações! Coloquei a mão sobre a dele para mantê-la em meu rosto.
— Preciso ver Jacob.
Ele fechou os olhos.
— Não.
— Sinceramente, não há perigo algum — eu disse, de novo suplicante.
— Eu costumava passar o dia todo em La Push com todos eles, e nunca aconteceu nada.
Mas pisei em falso; minha voz falhou no final porque percebi, enquanto dizia as palavras, que elas eram uma mentira. Não era verdade que nunca havia acontecido nada. Um breve lampejo de memória — um lobo cinza enorme agachado para atacar, arreganhando os dentes de adaga para mim — fez as palmas de minhas mãos suarem como um eco do pânico recordado.
Edward ouviu meu coração se acelerar e assentiu como se eu tivesse reconhecido a mentira em voz alta.
— Os lobisomens são instáveis. Às vezes, as pessoas perto deles se machucam. Às vezes, elas morrem.
Eu queria negar isso, mas outra imagem sufocou minha réplica. Vi em minha mente o rosto antes lindo de Emily Young, agora desfigurado por três cicatrizes escuras que baixavam o canto de seu olho direito e deixavam sua boca presa para sempre numa careta de lado.
Ele esperou, implacavelmente triunfante, que eu encontrasse minha voz.
— Você não os conhece — sussurrei.
— Conheço-os melhor do que você pensa, Bella. Eu estava aqui da última vez.
— Da última vez?
— Nosso caminho começou a se cruzar com o dos lobos há setenta anos… Tínhamos acabado de nos acomodar perto de Hoquiam. Isso foi antes de Alice e Jasper estarem conosco. Nós estávamos em maior número, mas isso não os teria impedido de entrar numa luta, se não fosse por Carlisle. Ele conseguiu convencer Ephraim Black de que era possível coexistirmos, e por fim fizemos uma trégua.
O nome do bisavô de Jacob me sobressaltou.
— Pensamos que os limites tinham desaparecido com Ephraim — murmurou Edward; agora parecia que ele falava consigo mesmo. — Que a singularidade genética que permitia a transmutação tivesse se perdido… — Ele se interrompeu e me fitou de um jeito acusatório. — Sua falta de sorte parece ficar mais poderosa a cada dia. Percebe que sua atração implacável por tudo que é letal é bastante forte para arrancar da extinção um bando de caninos mutantes? Se pudéssemos engarrafar sua sorte, teríamos uma arma de destruição em massa.
Ignorei a provocação, minha atenção presa pelo pressuposto dele — ele falava sério?
— Mas não fui eu que os trouxe de volta. Não sabia?
— Sabia do quê?
— Minha falta de sorte nada tem a ver com isso. Os lobisomens voltaram porque os vampiros voltaram.
Edward me encarou, seu corpo imóvel de surpresa.
— Jacob me disse que a presença de sua família aqui deu a partida nisso. Pensei que você já soubesse…
Seus olhos se estreitaram.
— É isso que eles acham?
— Edward, considere os fatos. Há setenta anos você veio para cá e os lobisomens apareceram. Você voltou agora, e os lobisomens surgiram de novo. Acha que é só uma coincidência?
Ele pestanejou e seu olhar relaxou.
— Carlisle ficará interessado nesta teoria.
— Teoria — zombei.
Ele ficou em silêncio por um momento, olhando a chuva pela janela; imaginei que estivesse contemplando o fato de que a presença de sua família estava transformando os habitantes em cães gigantes.
— Curioso, mas não é exatamente relevante — murmurou ele depois de um momento. — A situação é a mesma.
Eu podia traduzir isso muito bem: nada de amigos lobisomens.
Eu sabia que devia ter paciência com Edward. Não era que ele não estivesse sendo razoável, era só que ele não entendia. Ele não fazia idéia do quanto eu devia a Jacob Black — muitas vezes, minha vida, e talvez minha sanidade também.
Eu não gostava de falar daquela época enfadonha com ninguém, em especial com Edward. Ele só estava tentando me salvar quando partiu, tentando salvar minha alma. Eu não o considerava responsável por todas as idiotices que eu fizera em sua ausência, ou pela dor que sofrera.
Mas ele era.
Então eu teria de exprimir meus esclarecimentos com muito cuidado.
Levantei-me e contornei a mesa. Ele abriu os braços para mim e me sentei em seu colo, aninhando-me em seu abraço frio de pedra. Olhei suas mãos enquanto falava.
— Por favor, ouça por um minuto. Isto é muito mais importante do que atender a alguns caprichos de um velho amigo. Jacob está sofrendo. — Minha voz distorceu a palavra. — Não posso me negar a ajudá-lo… Não posso desistir dele agora, quando ele precisa de mim. Só porque ele não é humano o tempo todo… Bom, ele estava a meu lado quando eu mesma… não era tão humana. Você não sabe como foi… — Eu hesitei. Os braços de Edward estavam rígidos à minha volta; as mãos agora em punhos, os tendões se destacando. — Se Jacob não tivesse me ajudado… não tenho certeza se você teria por que voltar. Tenho que tentar consertar isso. Eu devo a ele mais do que isso, Edward.
Olhei seu rosto, preocupada. Seus olhos estavam fechados, e o queixo, tenso.
— Nunca vou me perdoar por tê-la deixado — sussurrou ele. — Nem que eu viva cem mil anos.
Coloquei a mão em seu rosto frio e esperei até que ele suspirou e abriu os olhos.
— Você estava tentando fazer o que era certo. E tenho certeza de que teria funcionado com qualquer pessoa menos retardada do que eu. Além disso, você está aqui agora. É só isso que importa.
— Se eu não tivesse partido, você não teria necessidade de arriscar sua vida para consolar um cão.
Eu me encolhi. Estava acostumada com Jacob e todas as suas calúnias pejorativas — sanguessuga, parasita… De certo modo, parecia mais áspero na voz aveludada de Edward.
— Não sei como expressar isso adequadamente — disse Edward, e seu tom de voz era triste. — Imagino que vá parecer cruel. Mas estive perto demais de perder você no passado. Sei o que é pensar que perdi. Eu não vou tolerar nenhum risco.
— Tem que confiar em mim neste caso. Eu vou ficar bem.
Seu rosto era de dor outra vez.
— Por favor, Bella — ele sussurrou.
Olhei em seus olhos dourados subitamente ardentes.
— Por favor o quê?
— Por favor, por mim. Por favor, faça um esforço para se manter segura. Farei tudo o que eu puder, mas agradeceria se tivesse uma ajudazinha.
— Vou dar um jeito — murmurei.
— Você faz mesmo alguma idéia da importância que tem para mim? Alguma noção do quanto a amo? — Ele me puxou para mais perto de seu peito duro, colocando minha cabeça sob seu queixo.
Apertei os lábios em seu pescoço frio como neve.
— Eu sei o quanto eu amo você — respondi.
— Você compara uma árvore pequena com toda uma floresta.
Revirei os olhos, mas ele não pôde ver.
— Impossível.
Ele beijou o alto de minha cabeça e suspirou.
— Nada de lobisomens.
— Não vou concordar com isso. Preciso ver Jacob.
— Então terei de impedi-la.
Ele parecia totalmente confiante de que isso não seria um problema. Eu tinha certeza de que ele estava com a razão.
— Veremos — blefei mesmo assim. — Ele ainda é meu amigo.
Pude sentir o bilhete de Jacob em meu bolso, como se de repente pesasse dez quilos. Pude ouvir as palavras em sua voz, e ele parecia concordar com Edward — algo que nunca aconteceria na realidade.
Isso não muda nada. Desculpe.
Trecho do Livro: Amanhecer | Stephenie Meyer
Amanhecer é o quarto e último volume da famosa série Crepúsculo, criada pela escritora Stephenie Meyer. Leia o primeiro capítulo dos três primeiros livros da série: Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse.
Livro: Amanhecer
PRÓLOGO: Eu já tivera mais do que uma quota justa de experiências de quase morte; isso não é algo com que você se acostume.
Mas parecia estranhamente inevitável enfrentar a morte outra vez. Como se eu estivesse mesmo marcada para o desastre. Eu havia escapado repetidas vezes, mas ela continuava me rondando. Ainda assim, dessa vez foi diferente.
Pode-se correr de alguém de quem se tenha medo; pode-se tentar lutar com alguém que se odeie. Todas as minhas reações eram preparadas para aqueles tipos de assassinos — os monstros, os inimigos. Mas quando se ama aquele que vai matá-la, não lhe restam alternativas. Como se pode correr, como se pode lutar, quando essa atitude magoaria o amado? Se sua vida é tudo o que você tem para dar ao amado, como não dá-la? Quando ele é alguém que você ama de verdade.
.
.
NOIVA
.
Ninguém está olhando para você, garanti a mim mesma. Ninguém está olhando para você. Ninguém está olhando para você.
Ninguém está olhando para você, garanti a mim mesma. Ninguém está olhando para você. Ninguém está olhando para você.
Como eu não conseguia mentir para mim mesma, tive de verificar.
Enquanto esperava que um dos três sinais de trânsito da cidade abrisse, olhei para a direita — na minivan, a Sra. Weber tinha se virado toda para me olhar. Os olhos perfuravam os meus e eu me encolhi, perguntando-me por que ela não virava a cara, não parecia constrangida. Encarar as pessoas continuava sendo falta de educação? Isso não se aplicava mais a mim?
Depois me lembrei de que aquelas janelas eram tão escuras que ela não devia fazer idéia de que era eu ali, e menos ainda ter me flagrado olhando de volta. Tentei me reconfortar um pouco com o fato de que ela não estava encarando a mim, só o carro.
Meu carro. Suspiro.
Olhei para a esquerda e gemi. Dois pedestres estavam paralisados na calçada, perdendo a oportunidade de atravessar enquanto fitavam o carro. Atrás deles, o Sr. Marshall olhava feito um bobo pela vitrine de sua lojinha de suvenires. Pelo menos não estava com o nariz espremido no vidro. Ainda.
O sinal ficou verde e, na pressa para fugir daquilo, pisei fundo no acelerador sem pensar — como normalmente teria feito para colocar em movimento minha antiga picape Chevy.
O motor rugiu como uma pantera caçando, o carro deu um solavanco tão abrupto para a frente que meu corpo bateu no encosto do banco de couro preto e meu estômago se achatou na coluna.
— Ai! — Resmunguei ao me atrapalhar com o freio. Para evitar problemas, apenas encostei no pedal. O carro balançou e ficou completamente imóvel.
Não consegui olhar a reação ao meu redor. Se houvesse alguma dúvida de quem estava dirigindo o carro, ela se acabara. Com a ponta do sapato, cutuquei o pedal do acelerador meio milímetro e o carro se lançou para a frente de novo.
Consegui chegar ao meu objetivo, o posto de gasolina. Se não tivesse ficando sem combustível, não teria vindo à cidade. Estava sem muita coisa ultimamente, como Pop-Tarts e cadarços de sapatos, porque não queria aparecer em público.
Agindo como se estivesse numa corrida, abri a tampa do tanque, passei o cartão e encaixei a mangueira de combustível em segundos. É claro que não havia nada que eu pudesse fazer para que os números no medidor se acelerassem. Eles mudavam lentamente, quase como se quisessem me irritar.
Não era um dia de sol — um típico dia chuvoso em Forks, Washington —, mas eu ainda sentia que havia um holofote focado sobre mim, chamando a atenção para a delicada aliança em minha mão esquerda. Em ocasiões como aquela, sentindo olhares nas minhas costas, parecia que a aliança piscava como uma placa de néon. Olhem para mim, olhem para mim.
Era idiotice ficar tão sem graça, e eu sabia disso. Além de meu pai e minha mãe, será que importava mesmo o que as pessoas diziam sobre meu noivado? Sobre meu carro novo? Sobre minha misteriosa admissão numa universidade da Ivy League? Sobre o cartão de crédito preto e reluzente que agora pareciam arder no meu bolso de trás?
— É, quem liga para o que eles pensam? — murmurei.
— Hmmm, moça? — disse uma voz de homem.
Eu me virei e desejei não ter feito aquilo.
Dois homens estavam parados atrás de um 4X4 caro, com caiaques novos em folha no rack. Nenhum deles olhava para mim; os dois fitavam o carro.
Pessoalmente, não entendi. Além disso, já estava orgulhosa de conseguir distinguir os logos da Toyota, da Ford e da Chevy. Aquele carro era preto, reluzente e lindo, mas para mim ainda era só um carro.
— Desculpe incomodá-la, mas poderia me dizer que modelo é esse que está dirigindo? — perguntou o alto.
— Hmmm, é uma Mercedes, não é?
— Sim — disse o homem com educação, enquanto o amigo mais baixo revirava os olhos para a minha resposta. — Eu sei. Mas eu estava me perguntando… Está dirigindo um Mercedes Guardian? — O homem disse o nome com reverência. Tive a sensação de que o sujeito ia se dar bem com Edward Cullen, meu… meu noivo (ultimamente não havia como fugir da verdade do casamento). — Eles ainda não devem estar disponíveis nem na Europa — continuou o homem —, que dirá aqui.
Enquanto meus olhos acompanhavam as linhas do meu carro — não me parecia muito diferente de outros sedãs Mercedes, mas o que eu entendia do assunto? —, contemplei brevemente meus problemas com palavras como noivo, casamento, marido etc.
Eu não conseguia me entender com aquilo.
Por um lado, fui criada para me encolher só de pensar em vestidos e buquês de noiva. Mais do que isso, porém, eu não conseguia harmonizar um conceito sóbrio, respeitável e obtuso como marido com meu conceito de Edward. Era como imaginar um arcanjo como um contador; eu não o conseguia visualizar em nenhum papel comum.
Como sempre, assim que comecei a pensar em Edward, fui tomada de fantasias vertiginosas. O estranho teve de dar um pigarro para chamar minha atenção; ainda esperava por uma resposta sobre a fabricação e o modelo do carro.
— Não sei — eu lhe disse com sinceridade.
— Posso tirar uma foto dele?
Precisei de um segundo para processar aquilo.
— É mesmo? Quer tirar uma foto do carro?
— Claro… Ninguém vai acreditar em mim se eu não tiver a prova.
— Hmmm. Tudo bem. Pode tirar.
Rapidamente tirei a mangueira de gasolina e me esgueirei para o banco da frente a fim de me esconder enquanto o cara fissurado pegava na mochila uma câmera que parecia profissional. Ele e o amigo se revezavam posando junto ao capô e depois tiraram fotos da traseira.
— Estou com saudade da minha picape — choraminguei comigo mesma.
Mas era mesmo muito conveniente — conveniente demais — que minha picape desse seu último suspiro semanas depois de Edward e eu concordarmos com nosso acordo torto, e um detalhe do acordo era que Edward podia substituir minha picape quando ela morresse. Ele jurou que era apenas o esperado; que a picape teve uma vida plena e longa e depois faleceu de causas naturais. Isso é o que ele diz. E, é claro, eu não tinha como verificar sua história ou tentar, sozinha, levantar a picape dos mortos. Meu mecânico preferido…
Parei nesse pensamento, recusando-me a levá-lo a uma conclusão. Em vez disso, ouvi as vozes dos homens do lado de fora, abafadas pelos muros do carro. — … atacado com um lança-chamas num vídeo online. Nem enrugou a pintura.
— É claro que não. Até dá para passar com um tanque por cima desse bebê. Mas não tem muito mercado por aqui. Projetado principalmente para diplomatas do Oriente Médio, traficantes de armas e chefões das drogas.
— Acha que ela é alguma coisa? — perguntou o mais baixo num tom mais delicado. Eu baixei a cabeça com o rosto em brasa.
— Hmmm — disse o alto. — Talvez. Nem imagino para que alguém precisa de vidro à prova de mísseis e duzentos quilos de blindagem por aqui. Deve estar indo a um lugar mais perigoso.
Blindagem. Duzentos quilos de blindagem. E vidro à prova de mísseis? Que ótimo. O que aconteceu com o bom e velho vidro à prova de balas?
Bom, pelo menos isso fazia algum sentido — para quem tem um senso de humor meio distorcido.
Não é que eu não esperasse que Edward tirasse proveito de nosso acordo, pesando a balança para o lado dele, dando-me muito mais do que receberia. Eu concordei que ele substituiria minha picape quando fosse necessário, sem esperar que esse momento viesse tão cedo, é claro. Quando fui obrigada a admitir que a picape não passava de um tributo em natureza-morta aos Chevys clássicos no meu meio-fio, eu sabia que ficaria constrangida com a idéia que ele fazia de substituição. Ia me tornar o foco de olhares e cochichos. Eu tinha razão quanto a essa parte. Mas mesmo em minha imaginação mais doentia eu não previ que ele me daria dois carros.
O carro de “antes” e o carro de “depois”, explicou-me ele quando eu me assustei.
Esse era só o carro de “antes”. Ele me disse que era emprestado e prometeu que devolveria depois do casamento. Não fazia nenhum sentido para mim. Até então.
Rá rá. Ao que parecia, porque eu era frágil de tão humana, tendia tanto a me acidentar, tão vítima de minha própria falta de sorte perigosa, precisava de um carro que resistisse a tanques para me manter segura. Hilário. Tinha certeza de que ele e os irmãos riram da piada pelas minhas costas.
Ou talvez, só talvez, sussurrou uma vozinha em minha cabeça, não seja uma piada, sua boba. Talvez ele realmente se preocupe com você. Não seria a primeira vez que ele exageraria um pouco tentando protegê-la.
Eu suspirei.
Ainda não vi o carro de “depois”. Estava escondido embaixo de uma lona no canto mais distante da garagem dos Cullen. Eu sabia que àquela altura a maioria das pessoas teria dado uma espiada, mas eu não queria.
Provavelmente não haveria blindagem naquele carro — porque eu não precisaria depois da lua-de-mel. A quase indestrutibilidade era só uma das muitas vantagens a que eu ansiava. O melhor de ser uma Cullen não eram os carros caros e cartões de crédito impressionantes.
— Ei — chamou o alto, colocando as mãos em concha no vidro, tentando me enxergar. — Já acabamos. Muito obrigado!
— Não há de quê — eu disse, depois fiquei tensa enquanto ligava o motor e pisava no pedal — muito delicadamente…
Não importava quantas vezes eu tivesse dirigido pela conhecida estrada para casa, eu ainda não conseguia fazer com que os cartazes desbotados pela chuva desaparecessem ao fundo. Cada um deles, colados nos postes telefônicos e em placas de rua, era como um novo tapa na cara. Um merecido tapa na cara. Minha mente foi levada de volta ao pensamento que interrompi tão rapidamente. Eu não conseguia evitar aquela estrada. Não com as imagens de meu mecânico preferido voando por mim a intervalos regulares.
Meu melhor amigo. Meu Jacob.
Você viu esse garoto? Os cartazes não foram idéia do pai de Jacob. Foram do meu pai, Charlie, que os imprimiu e espalhou por toda a cidade. E não só por Forks, mas por Port Angeles, Sequim, Hoquiam, Aberdeen e em cada cidade da península de Olympic. Ele se assegurou de que todas as delegacias no estado de Washington tivessem o mesmo cartaz pendurado na parede. Sua própria delegacia tinha um quadro de cortiça, especialmente dedicado a encontrar Jacob. Um quadro de cortiça que estava praticamente vazio, para decepção e frustração dele.
Meu pai não estava decepcionado só com a falta de resposta. Estava muito decepcionado com Billy, o pai de Jacob — e melhor amigo de Charlie.
Porque Billy não está envolvido nas buscas por seu filho “foragido” de 16 anos. Porque Billy se recusa a colocar os cartazes em La Push, a reserva na costa que era o lar de Jacob. Porque ele parece ter se resignado com o desaparecimento de Jacob, como se não houvesse nada que pudesse fazer. Por ele dizer: “Agora Jacob é adulto. Se quiser, ele vai voltar para casa.”
E ele estava frustrado comigo, por ficar do lado de Billy.
Eu também não colocaria os cartazes. Porque Billy e eu sabíamos mais ou menos onde Jacob estava e também sabíamos que ninguém tinha visto aquele garoto.
Os cartazes me deram o habitual nó na garganta, as habituais lágrimas arderam em meus olhos, e fiquei feliz por Edward ter saído para caçar naquele sábado. Edward ficaria péssimo se visse minha reação.
É claro que havia desvantagens por ser sábado. Enquanto eu entrava devagar e com cuidado na minha rua, pude ver a viatura de meu pai na entrada de nossa casa. Não tinha ido pescar de novo. Ainda chateado com o casamento.
Então eu não ia conseguir usar o telefone de casa. Mas precisava telefonar…
Estacionei no meio-fio atrás da escultura de Chevy e peguei no porta-luvas o celular que Edward me dera para as emergências. Disquei, mantendo o dedo no botão “End” enquanto o telefone tocava. Só por garantia.
— Alô? — Seth Clearwater atendeu e eu suspirei de alívio. Eu era covarde demais para falar com a irmã mais velha dele, Leah. A expressão “arrancar minha cabeça” não era somente uma figura de linguagem quando se tratava dela.
— Oi, Seth. É a Bella.
— Ora, viva, Bella! Como você está?
Engasgada. Desesperada para que alguém me tranqüilize.
— Bem.
— Querendo saber das últimas?
— Você é um paranormal.
— Nem tanto. Não sou a Alice… Você é que é previsível — brincou ele.
Do grupo quileute de La Push, só Seth ficava à vontade em mencionar os Cullen pelo nome, que dirá brincar com coisas como minha futura cunhada onisciente.
— Sei que sou. — Hesitei por um minuto. — Como ele está?
Seth suspirou.
— O mesmo de sempre. Ele não fala, embora a gente saiba que ouve. Está tentando não pensar como humano, sabe como é. Só seguir seus instintos.
— Sabe onde ele está agora?
— Em algum lugar ao norte do Canadá. Não sei lhe dizer que província. Ele não presta muita atenção nas divisas entre os estados.
— Alguma sugestão de que ele possa…
— Ele não vai voltar, Bella. Desculpe.
Engoli em seco.
— Está tudo bem, Seth. Eu sabia antes mesmo de perguntar. Só não consigo deixar de querer isso.
— É. Todos sentimos o mesmo.
— Obrigada por me suportar, Seth. Sei que os outros devem criar dificuldades para você.
— Eles não são seus maiores fãs — concordou ele, descontraído. — Mas eu acho meio idiota. Jacob tomou a decisão dele, você tomou a sua. O Jake mesmo não gostou da atitude deles com relação a isso. É claro que ele não está superemocionado que você fique procurando saber dele também.
Eu arfei.
— Pensei que ele não estivesse falando com você.
— Ele não consegue esconder tudo de nós, por mais que tente.
Então Jacob sabia que eu estava preocupada. Eu não tinha certeza de como me sentia com relação a isso. Bom, pelo menos ele sabia que eu não fugira ao pôr-do-sol e me esquecera completamente dele. Podia ter imaginado que eu era capaz disso.
— Acho que verei você no… casamento — eu disse, obrigando a palavra a sair por entre meus dentes.
— É, eu e minha mãe estaremos lá. Foi gentil de sua parte nos convidar.
Eu sorri com o entusiasmo na voz dele. A idéia de convidar os Clearwater foi de Edward. Fiquei feliz que ele tenha pensado nisso. Ter Seth ali seria ótimo — um elo, embora tênue, com meu padrinho desaparecido.
— Não seria o mesmo sem vocês.
— Diga a Edward que mandei lembranças, está bem?
— Pode ter certeza.
Eu sacudi a cabeça. A amizade que surgiu entre Edward e Seth era algo que ainda me perturbava. Era uma prova, porém, de que as coisas não tinham de ser daquele jeito. Que vampiros e lobisomens podiam conviver bem, muito obrigada, sem se importarem com isso. Nem todo mundo gostava dessa idéia.
— Ah — disse Seth, a voz subindo uma oitava. — Er, Leah chegou.
— Ah! Tchau!
O telefone ficou mudo. Deixei-o no banco e me preparei psicologicamente para entrar em casa, onde Charlie estaria esperando.
Agora meu pobre pai tinha muito o que fazer. Jacob-o-fugitivo era só um dos fardos em suas costas sobrecarregadas. Ele estava quase tão preocupado comigo, sua filha que mal-era-legalmente-adulta e estava prestes a se tornar uma senhora em alguns dias. Andei lentamente pela chuva fina, lembrando-me da noite em que contei a ele…
—–
Ao ouvir a viatura de Charlie anunciando sua chegada, de repente a aliança pesou cinqüenta quilos em meu dedo. Eu queria enfiar a mão esquerda num bolso, ou talvez sentar nela, mas o aperto firme e frio de Edward a mantinha à frente.
— Deixe de ficar inquieta, Bella. Por favor, procure se lembrar de que não vai confessar nenhum assassinato.
— Para você, é fácil falar.
Eu ouvi o som agourento das botas de meu pai batendo na calçada. A chave sacudindo na porta já aberta. O som me lembrou daquela parte de um filme de terror em que a vítima percebe que esqueceu de passar a tranca.
— Acalme-se, Bella — sussurrou Edward, ouvindo meu coração acelerar.
A porta bateu e eu me encolhi como se tivesse levado um tiro.
— Oi, Charlie — disse Edward, inteiramente relaxado.
— Não! — protestei em voz baixa.
— Que foi? — sussurrou Edward.
— Espere até ele pendurar a arma!
Edward riu e passou a mão livre em seu cabelo desgrenhado cor de bronze.
Charlie virou no corredor, ainda de uniforme, ainda armado, e tentou não fazer uma careta quando nos viu sentados juntos no sofá de dois lugares. Ultimamente ele andava despendendo muito esforço para gostar mais de Edward. É claro que aquela revelação daria um fim imediato e certo a esse esforço.
— Oi, meninos. O que foi?
— Gostaríamos de falar com você — disse Edward, muito sereno. — Temos uma boa notícia.
A expressão de Charlie foi da amizade forçada à desconfiança sombria em um segundo.
— Boa notícia? — resmungou Charlie, olhando diretamente para mim.
— Sente-se, pai.
Ele ergueu uma sobrancelha, fitando-me por uns cinco segundos, depois foi até a cadeira reclinável e se sentou na beira, as costas retas feito uma tábua.
— Não fique agitado, pai — eu disse depois de um momento de silêncio pesado. — Está tudo bem.
Edward fez uma careta e eu sabia que era em objeção às palavras tudo bem. Ele teria usado algo como maravilhoso, perfeito ou glorioso.
— Claro que está, Bella, claro que está. Se tudo está tão bem, por que você está suando em bicas?
— Eu não estou suando — menti.
Eu me afastei de sua careta feroz e me encolhi junto de Edward, e por instinto passei as costas da mão direita na testa para retirar as provas.
— Você está grávida! — explodiu Charlie. — Está grávida, não é?
Embora a pergunta claramente fosse dirigida a mim, ele agora fuzilava Edward com os olhos e eu podia jurar ter visto a mão dele se retorcer na direção da arma.
— Não! É claro que não! — Eu queria dar uma cotovelada nas costelas de Edward, mas sabia que essa atitude só me provocaria um hematoma. Eu disse a Edward que as pessoas chegariam a essa conclusão de imediato! Que outro motivo haveria para pessoas sãs se casarem aos 18 anos? (A resposta dele me fez revirar os olhos. Amor. Sei.)
O olhar de Charlie se iluminou um pouco. Em geral ficava muito claro no meu rosto quando eu contava a verdade e ele agora acreditava em mim.
— Ah. Desculpe.
— Desculpas aceitas.
Houve uma longa pausa. Depois de algum tempo, percebi que todos esperavam que eu dissesse alguma coisa. Tomada de pânico, olhei para Edward. Não havia como eu conseguir pronunciar as palavras.
Ele sorriu para mim, endireitou os ombros e se virou para meu pai.
— Charlie, percebo que estou tratando disso da forma errada. Por tradição, eu devia lhe pedir primeiro. Não é minha intenção desrespeitá-lo, mas uma vez que Bella já disse sim e eu não quero diminuir sua decisão a esse respeito, em vez de lhe pedir a mão dela, estou lhe pedindo sua bênção. Nós vamos nos casar, Charlie, eu a amo mais do que qualquer coisa no mundo, mais do que minha própria vida, e… por um milagre… ela me ama da mesma forma. Você nos daria sua bênção?
Ele parecia tão seguro, tão calmo. Por um segundo, ouvindo a confiança absoluta em sua voz, vivi um raro momento de insight. Eu podia ver, de modo fugaz, como o mundo olhava para ele. Por uma batida do coração, essa notícia fazia perfeito sentido.
E depois vi a expressão de Charlie, os olhos agora fixos na aliança.
Prendi a respiração enquanto sua pele mudava de cor — do branco para o vermelho, do vermelho ao roxo, do roxo ao azul. Comecei a me levantar — não sabia bem o que eu pretendia fazer; talvez usar a manobra de Heimlich para ter certeza de que ele não sufocava — mas Edward apertou minha mão e murmurou: “Dê-lhe um minuto”, tão baixo que só eu podia ouvir.
O silêncio dessa vez foi mais prolongado. Depois, aos poucos, tom por tom, a cor de Charlie voltou ao normal. Seus lábios enrugaram e as sobrancelhas franziram; reconheci sua expressão de “imerso em pensamentos”. Ele nos examinou por um bom tempo e senti Edward relaxar ao meu lado.
— Acho que não estou surpreso — grunhiu Charlie. — Eu sabia que teria de lidar com algo assim muito em breve.
Eu expirei.
— Tem certeza disso? — perguntou Charlie, olhando para mim.
— Tenho completa certeza sobre Edward — eu lhe disse sem hesitar.
— Mas se casar? Por que a pressa? — Ele me olhou com desconfiança de novo.
A pressa se devia ao fato de que eu estava me aproximando do décimo nono aniversário a cada maldito dia, enquanto Edward permanecia paralisado em toda sua perfeição de 17 anos, como era havia mais de noventa anos. Não que esse fato significasse casamento em meu dicionário, mas o casamento era necessário devido ao acordo delicado e complicado que Edward e eu fizemos para finalmente chegar a esse ponto, à beira de minha transformação de mortal a imortal.
Não eram coisas que eu pudesse explicar a Charlie.
— Vamos juntos para Dartmouth no outono, Charlie — lembrou-lhe Edward. — Eu gostaria de fazer isso, bem, da maneira correta. Eu fui criado assim. — Ele deu de ombros.
Ele não estava exagerando; na época da Primeira Guerra Mundial, a moral era antiquada.
A boca de Charlie se retorceu de lado. Procurando um ângulo de onde argumentar. Mas o que ele poderia dizer? Prefiro que vocês vivam em pecado primeiro? Ele era pai; suas mãos estavam atadas.
— Eu sabia que isso aconteceria — murmurou consigo mesmo, a testa franzida. Depois, de repente, sua cara ficou perfeitamente lisa e inexpressiva.
— Pai? — perguntei com ansiedade. Olhei para Edward, mas tampouco consegui ler seu rosto enquanto ele observava Charlie.
— Rá! — Charlie explodiu. Eu pulei no sofá. — Rá, rá, rá!
Fiquei olhando, incrédula, enquanto Charlie se dobrava de rir, todo o corpo se sacudindo.
Olhei para Edward procurando por uma tradução, mas Edward estava com os lábios cerrados, como se tentasse reprimir ele mesmo o riso.
— Muito bem, então — Charlie disse com a voz embargada. — Casem-se. — Mais uma gargalhada sacudiu seu corpo. — Mas…
— Mas o quê? — perguntei.
— Mas é você quem vai contar a sua mãe! Não vou dizer uma só palavra a Renée! É com você! — ele explodiu de rir novamente.
—–
Parei com a mão na maçaneta, sorrindo. É evidente que, na época, as palavras de Charlie me apavoraram. O Juízo Final: contar a Renée. Em sua lista negra, casar-se cedo era pior do que cozinhar cachorrinhos vivos.
Quem poderia prever a reação dela? Eu não. Certamente não Charlie. Talvez Alice, mas não pensei em perguntar a ela.
— Bem, Bella — disse Renée depois de eu sufocar e me atrapalhar com as palavras impossíveis: Mãe, vou me casar com Edward. — Estou com um pouco de rancor por ter esperado tanto tempo para me contar. As passagens aéreas só ficam mais caras. Aaaah — ela se enervou. — Acha que até lá Phil já tirou o gesso? Vai estragar as fotos se ele não estiver de smoking…
— Espere um segundo, mãe. — eu disse, ofegando. — O que quer dizer com esperar tanto tempo? Eu só fiquei no-no… — Eu fui incapaz de dizer a palavra noiva — As coisas se ajeitaram, sabe como é, hoje.
— Hoje? É mesmo? Mas isto sim é uma surpresa. Imaginei…
— O que você imaginou? Quando você imaginou?
— Bem, quando veio me visitar em abril, parecia que as coisas estavam bem costuradas, se me faço entender. Não é difícil ler seus pensamentos, meu amor. Mas eu não disse nada porque sabia que não faria bem nenhum. Você é igualzinha ao Charlie. — Ela suspirou, resignada. — Depois que se decide por uma coisa, não dá para argumentar com você. É claro que, exatamente como Charlie, você também se prende a sua decisão.
E então ela disse a última coisa que eu esperaria ouvir de minha mãe.
— Não está cometendo nenhum erro, Bella. Você parece que está apavorada e acho que é porque tem medo de mim. — Ela riu. — Do que eu vou pensar. E eu sei que disse muita coisa sobre o casamento e essas idiotices… e não vou retirar o que disse… mas você precisa entender que aquelas coisas se aplicavam especificamente a mim. Você é uma pessoa totalmente diferente. Você comete seus próprios erros e tenho certeza de que tem sua cota de arrependimentos na vida. Mas comprometer-se nunca foi um problema para você, meu amor. Você tem mais chance de fazer isso dar certo do que eu nos meus mais de quarenta anos de vida. — Renée riu de novo. — Minha filhinha de meia-idade. Felizmente, você parece ter encontrado outra alma velha.
— Você não está… chateada? Não acha que estou cometendo um erro imenso?
— Bem, claro que sim. Eu queria que esperasse mais alguns anos. Quer dizer, eu pareço velha o bastante para ser uma sogra? Não responda. Mas não se trata de mim. Trata-se de você. Você está feliz?
— Não sei. Agora estou tendo uma experiência fora do corpo.
Renée deu uma gargalhada.
— Ele a fez feliz, Bella?
— Sim, mas…
— Já pensou em querer outra coisa?
— Não, mas…
— Mas o quê?
— Mas você não vai dizer que eu sou como qualquer outra adolescente apaixonada desde a aurora dos tempos?
— Você nunca foi adolescente, meu bem. Sabe o que é melhor para você.
Nas últimas semanas, Renée mergulhou inesperadamente nos planos do casamento. Passou horas todo dia ao telefone com a mãe de Edward, Esme — sem se preocupar em se entender com os outros parentes de casamento. Renée adorou Esme, mas eu duvidava de que alguém pudesse deixar de reagir dessa maneira a minha adorável quase-sogra.
Isso me tirou de uma enrascada. A família de Edward e a minha família estavam cuidando das núpcias sem que eu precisasse fazer, saber ou pensar muito no assunto.
É claro que Charlie ficou furioso, mas o bom foi que ele não ficou furioso comigo. A traidora era Renée. Ele contava que ela bancasse a durona. O que ele podia fazer agora, quando sua ameaça definitiva — contar à mamãe — tinha se revelado completamente vazia? Não podia fazer nada e sabia disso. Então ele lamentava pela casa, resmungando coisas sobre não se poder confiar em mais ninguém nesse mundo…
— Pai? — chamei enquanto abria a porta da frente. — Cheguei.
— Espere aí, Bella, fique onde está.
— Hein? — perguntei, parando automaticamente.
— Me dê um segundo. Ai, você me furou, Alice.
— Alice?
— Desculpe, Charlie — respondeu a voz vibrante de Alice. — Como está isso?
— Estou sangrando.
— Você está bem. Não rompa a pele… Confie em mim.
— O que está acontecendo? — perguntei, hesitando na soleira da porta.
— Trinta segundos, Bella, por favor — disse-me Alice. — Sua paciência será recompensada.
— Humpf — acrescentou Charlie.
Bati o pé, contando cada batida. Antes que chegasse a trinta, Alice disse:
— Tudo bem, Bella, entre!
Andando com cautela, entrei em nossa sala de estar.
— Ah — eu bufei. — Ai. Pai. Você está tão…
— Bobo? — interrompeu Charlie.
— Eu estava pensando mais em encantador.
Charlie corou. Alice o pegou pelos cotovelos e o fez girar lentamente para mostrar o smoking cinza-claro.
— Agora pare com isso, Alice. Eu pareço um idiota.
— Ninguém vestido assim vai parecer um idiota.
— Ela tem razão, pai. Você está incrível! Qual é a ocasião?
Alice revirou os olhos.
— É a última prova da roupa. Para os dois.
Eu afastei os olhos de meu em geral deselegante Charlie e pela primeira vez vi o temido saco branco colocado com cuidado no sofá.
— Aaah.
— Vá para seu refúgio feliz, Bella. Não vou demorar.
Respirei fundo e fechei os olhos. Mantendo-os fechados, subi aos tropeços a escada para meu quarto. Tirei minha roupa e estendi os braços.
— Você achou que eu ia enfiar farpas de bambu por baixo de suas unhas — murmurou Alice consigo mesma enquanto me seguia.
Não prestei atenção nela. Eu estava em meu refúgio feliz.
Em meu refúgio feliz, toda a confusão do casamento tinha acabado. Estava para trás. Já reprimida e esquecida.
Estávamos sozinhos, só Edward e eu. O ambiente era vago e se alterava constantemente — metamorfoseava-se de uma floresta nevoenta para uma cidade nublada na noite ártica — porque Edward mantinha o local de nossa lua-de-mel em segredo para me surpreender. Mas eu não estava especialmente preocupada com a parte do onde.
Edward e eu estávamos juntos e eu cumpria à perfeição minha parte no trato. Ia me casar com ele. Essa era a parte grande. Mas também aceitei todos os seus presentes exorbitantes e estava matriculada, embora inutilmente, para freqüentar Dartmouth no outono. Agora era a vez dele.
Antes que ele me transformasse em vampira — sua parte maior no trato — havia mais uma condição a cumprir.
Edward tinha uma espécie de preocupação obsessiva com as coisas humanas de que eu estaria abrindo mão, as experiências que ele não queria que me fizessem falta. A maioria delas — como o baile, por exemplo — parecia tola para mim. Aquela era a única experiência humana cuja ausência me preocupava. É claro que era a única que ele queria que eu esquecesse completamente.
Mas ali estava a questão. Eu sabia um pouco como seria quando não fosse mais humana. Vi em primeira mão vampiros recém-criados e ouvi todas as histórias de minha futura família sobre aqueles primeiros tempos bárbaros. Por vários anos, minha principal característica seria a sede. Levaria algum tempo para eu poder ser eu de novo. E mesmo quando estivesse controlada, nunca sentiria exatamente o que sinto agora.
Humana… e amando apaixonadamente.
Eu queria concluir a experiência antes de trocar meu corpo quente, frágil e cheio de feromônios por algo bonito, forte… e desconhecido. Eu queria uma lua-de-mel de verdade com Edward. E, apesar do perigo que temia impor a mim, ele concordou em tentar.
Eu só estava vagamente atenta a Alice e deixei que o cetim escorregasse por meu corpo. Não me importei, naquele momento, que toda a cidade estivesse falando de mim. Eu não pensava no espetáculo que teria de estrelar muito em breve. Não me preocupava com tropeçar na cauda, rir na hora errada, ser nova demais, encarar os convidados ou até o lugar vazio onde meu melhor amigo deveria estar.
Eu estava com Edward em meu refúgio feliz.
Bella casa-se com Edward e vai para a sua lua de mel na ilha privada de Esme, na costa do Rio de Janeiro. Como Bella cumpre sua parte do acordo com Edward, casando-se com ele, ele acaba por cumprir a dele. Logo, os dois têm sua primeira experiência sexual. No começo, Edward fica irritado consigo mesmo, já que Bella fica coberta de hematomas. Mas depois ele concorda em tentar de novo. Assim, ocorre o inesperado: Bella engravida dele, o que todos achavam impossível, porém Edward e Carlisle decidem abortar a criança antes que esta mate Bella. Discordando da decisão deles, Bella conta com a ajuda de Rosalie, que apóia a decisão dela ter esse filho. Porém, ao dar a luz a criança, Bella quase morre e Edward a transforma em vampira. Mais tarde, entretanto, a criança é vista por Irina, do clã Denali, que está com raiva dos transmorfos, pois eles mataram Laurent – um integrante do clã de James (Crepúsculo), “amante” que ela teve quando ele foi morar em Denali, tentando viver à base de sangue de animais, mas que não resistiu e decidiu voltar à sua antiga vida, quase matando Bella (Lua Nova) – e vê Jacob, que havia tido um imprinting com Renesmee, nome da filha de Bella, se transformar em lobisomem quando ele foi caçar com Nessie e Bella. Irina fica com muita raiva e conta aos Volturi sobre Reneesme, achando que a criança é imortal e que deve ser destruída. Alice tem uma visão desse acontecimento e eles se preparam, não para lutar contra os Volturi, mas para reunir o maior número possível de vampiros amigos, para servirem de testemunhas de que a criança é filha biológica de Edward e Bella, que cresce como uma humana, seu coração bate e o sangue flui por suas veias, fazendo com que não atacassem. No final, o que salva os Cullen e seus amigos de um destino trágico é Alice, que após ter ido embora com Jasper, deixando-os pensar que tinham abandonado a família, retorna com a solução: após pesquisa feita na América do Sul, encontra um homem que, assim como Renesmee, é apenas meio-imortal, provando que não ofereceria perigo. Bella também ajuda, tendo o controle de seu dom, que é criar um “escudo” à sua volta, e adiando o momento do confronto. Depois que tudo é resolvido e os Volturi vão embora, Bella também aprende a “expulsar” o escudo que tinha em sua mente, permitindo que Edward possa ler seus pensamentos.
No aniversário de 18 anos de Bella, Edward e os outros Cullen fazem uma festa especial para ela na sua mansão. Porém, ao abrir um dos presentes, Bella acaba se cortando e deixa os vampiros sedentos (com exceção de Carlisle).Edward fica transtornado por colocar Bella repentinamente em perigo, e decide mudar-se com sua família (deixando Bella para trás).Para ser mais fácil a partida e para Bella poder seguir sua vida como se nada tivesse acontecido, Edward diz a Bella que não a ama.Cinco meses depois da partida de Edward, Charlie fica irritado por Bella nunca fazer nada (além de se lamentar e estudar), e tenta mandá-la para Phoenix novamente. Bella tem um acesso de fúria, e Charlie decide que Bella pode ficar, desde que volte a sair com seus amigos(ela nunca mais falara com nenhum desde a partida de Edward). Ela começa a passar as tardes na casa de Jacob Black, em La Push.Numa dessas tardes,Jacob e Bella vão à praia, e vêem Sam Uley e seus companheiros pulando de um penhasco.Jacob conta para Bella que acha que Sam tem uma “gangue”, e promete levá-la para pular do penhasco algum dia, já que Bella demonstrou interesse.Numa noite,Jacob, Bella e Mike (da escola de Bella)vão ao cinema, e Mike passa a eles uma virose.Jacob, ao chegar em casa, é alertado por Billy que parece ruim, e ele explode como lobisomem(Bella ainda não sabe desse fato). Como eles devem manter sua existência em segredo, ele diz a Bella que contraiu monocelulose.Bella fica desesperada, pois a média de recuperação de monocelulose é de aproximadamente um mês.Porém, duas semanas depois Jacob “melhora”,e começa a andar com a “gangue” de Sam Uley.Bella quer esclarecimentos, porém acaba brigando com Jacob. Eles fazem as pazes numa outra tarde, quando Bella descobre que Jacob é um lobisomem. Jacob conta a Bella que eles mataram Laurent e estão perseguindo a “parceira” dele (na verdade velha amiga), uma vampira ruiva.Bella lembra que a vampira é Victoria, que está atrás dela com sede de vingança pela morte de James. Chegam as férias de verão.Numa tarde, enquanto Jacob e os outros lobisomens caçam Victoria, Bella decide pular do penhasco sozinha. Alice Cullen tem uma visão de Bella pulando (em seguida morrendo)e corre até Forks. Porém, ao chegar lá, vê que Bella foi salva por Jacob, e fica frustrada pelo fato de que em suas visões não aparecem os lobisomens. Rosalie Hale, confiante da visão de Alice, conta a Edward(que está no Rio de Janeiro) que Bella morreu, e Edward telefona para a casa dos Swan para confirmar. Nesse momento, na casa de Bella, estão Jacob, Bella e Alice(escondida de Jacob),e Jacob atende o telefone. Edward identifica-se como Carlisle, e pergunta onde está Charlie. Jacob diz “no enterro”. Edward,pensando que Bella está morta, vai até Volterra, na Itália, para se suicidar. O que Edward não sabe é que Charlie não está no enterro de Bella, mas sim no de Harry, que teve um ataque cardíaco enquanto Bella pulava do penhasco. Alice entra na sala de Bella(onde ela está com Jacob) e pergunta a ele o que ele disse, pois Edward mentiu ser Carlisle e Rosalie contou a ele que Bella “havia morrido”. Quando Alice conta a Bella que Edward está indo à Itália, Bella se apavora, pois sabe que Edward vai se expôr como vampiro e se matar. Alice e Bella chegam a tempo de impedir a exposição de Edward, e os três, antes de voltar, têm que falar com Aro, um dos três Volturi. Aro fica fascinado pelo poder dos três, e quer que eles juntem-se aos Volturi.Nenhum deles aceita.Ao voltar para Forks, Edward diz a Bella que ele sempre a amou, e que mentiu para Bella seguir sua vida normalmente, sem nenhum risco. Ele diz que nunca mais partirá porque os riscos de Bella sem ele são muito maiores, pois “Bella está no meio de Victoria e de cães”(os lobisomens).Bella e Edward reajustam seus horários.
Um exército de vampiros “recém-nascidos” está à solta nas ruas de Seattle, uma cidade perto de Forks, e Edward está mais alerta que nunca. Enquanto os Cullen vêem este problema como uma desculpa para receberem uma visita dos Volturi, Bella preocupa-se mais em escolher a sua amizade com Jacob Black (permanecendo humana, mas entregue ao castigo dos Volturi por ser a única humana a saber sobre a existência de vampiros) ou o amor que sente por Edward (sendo transformada em vampira e não sendo castigada pelos Volturi) e originar uma batalha entre lobisomens e vampiros, pondo a sua nova familia e os seus antigos amigos em risco. Enquanto isso, Edward pede Bella em casamento, que aceita seu pedido. Bella descobre que Victoria é a criadora dos novos vampiros (ela quer se vingar de Edward por ter matado James, seu companheiro. Já que Edward o matou, ela pretende matar Bella) e uma batalha para proteger a adolescente começa. Bella se sente confusa com os novos sentimentos que surgem dentro de si, o amor de Jacob Black que vem a ser uma dúvida e o medo da pós-transformação. Os lobisomens aliam-se aos Cullen (que antes eram inimigos mortais) e Victoria é morta por Edward. Os Volturi aparecem mas eles confiam em que Carlisle vai transformar Bella em vampira.
Bella casa-se com Edward e vai para a sua lua de mel na ilha privada de Esme, na costa do Rio de Janeiro. Como Bella cumpre sua parte do acordo com Edward, casando-se com ele, ele acaba por cumprir a dele. Logo, os dois têm sua primeira experiência sexual. No começo, Edward fica irritado consigo mesmo, já que Bella fica coberta de hematomas. Mas depois ele concorda em tentar de novo. Assim, ocorre o inesperado: Bella engravida dele, o que todos achavam impossível, porém Edward e Carlisle decidem abortar a criança antes que esta mate Bella. Discordando da decisão deles, Bella conta com a ajuda de Rosalie, que apóia a decisão dela ter esse filho. Porém, ao dar a luz a criança, Bella quase morre e Edward a transforma em vampira. Mais tarde, entretanto, a criança é vista por Irina, do clã Denali, que está com raiva dos transmorfos, pois eles mataram Laurent – um integrante do clã de James (Crepúsculo), “amante” que ela teve quando ele foi morar em Denali, tentando viver à base de sangue de animais, mas que não resistiu e decidiu voltar à sua antiga vida, quase matando Bella (Lua Nova) – e vê Jacob, que havia tido um imprinting com Renesmee, nome da filha de Bella, se transformar em lobisomem quando ele foi caçar com Nessie e Bella. Irina fica com muita raiva e conta aos Volturi sobre Reneesme, achando que a criança é imortal e que deve ser destruída. Alice tem uma visão desse acontecimento e eles se preparam, não para lutar contra os Volturi, mas para reunir o maior número possível de vampiros amigos, para servirem de testemunhas de que a criança é filha biológica de Edward e Bella, que cresce como uma humana, seu coração bate e o sangue flui por suas veias, fazendo com que não atacassem. No final, o que salva os Cullen e seus amigos de um destino trágico é Alice, que após ter ido embora com Jasper, deixando-os pensar que tinham abandonado a família, retorna com a solução: após pesquisa feita na América do Sul, encontra um homem que, assim como Renesmee, é apenas meio-imortal, provando que não ofereceria perigo. Bella também ajuda, tendo o controle de seu dom, que é criar um “escudo” à sua volta, e adiando o momento do confronto. Depois que tudo é resolvido e os Volturi vão embora, Bella também aprende a “expulsar” o escudo que tinha em sua mente, permitindo que Edward possa ler seus pensamentos.
Twilight (série)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Crepúsculo | |
---|---|
Os livros da série, em sua versão americana (EUA) | |
Livros | |
Crepúsculo Lua Nova Eclipse Amanhecer | |
Autor | Stephenie Meyer |
Título original | Twilight |
Tradutor | Ryta Vinagre Vera Falcão Martins |
Idioma original | Inglês |
Publicado entre | 2005-2008 (nos EUA) |
Editora | Little, Brown and Company Intrínseca Edições Gailivro |
País | Estados Unidos |
Gênero | Romance, fantasia |
Wikiprojeto Literatura Portal Literatura |
Twilight (Crepúsculo, em português) é uma série de histórias de fantasia e romancesobre vampiros escrita por Stephenie Meyer. A saga conta a história de Isabella Swan (Bella), uma adolescente que se muda de Phoenix para Forks, emWashington, experimentando um mundo totalmente novo para si ao apaixonar-se porEdward Cullen, um vampiro.
Os quatro livros da série são contados sob o ponto de vista de Bella, exceto o epílogo de Eclipse e um terço de Amanhecer, que são narrados por Jacob Black. A série vendeu cerca de 100 milhões de cópias ao redor do mundo[1] e foi traduzida para mais de 37 idiomas.[2] Permaneceu no topo da lista por 235 semanas entre osbestsellers no The New York Times[3] e rendeu uma franquia cinematográfica de igual sucesso, produzida pela Summit Entertainment.[4]
Índice[esconder] |
[editar]Enredos
[editar]Crepúsculo
Isabella Swan, 17 anos, nunca havia vivido grandes emoções em sua vida. Sendo uma jovem extremamente responsável, tímida e introspectiva, decide mudar-se da calorosa cidade de Phoenix, no Arizona, para a chuvosa Forks, uma pequena cidade no interior deWashington, depois que sua mãe decide casar-se novamente. É ali que Bella irá morar com seu pai, Charlie, e é em sua nova escola que conhece os Cullen, cinco intrigantes jovens de uma beleza desumana. É neste mistério que caracteriza a família, que Bella se vê atraída pelo misterioso Edward Cullen, jovem pálido e de cabelos cor de bronze que mostrará um novo universo a Bella, transformando completamente o rumo da sua vida. Edward trata-se de um vampiro, que acaba por se apaixonar por Bella enquanto controla e resiste a um dos seus maiores desejos - provar o sangue de Bella que, segundo ele, exala o odor mais atrativo que já sentiu. No entanto, ao contrário dos outros vampiros, os Cullen controlam-se para só se alimentar de sangue animal.
É então que James, um vampiro obcecado por caçadas - que, juntamente com o seu grupo composto por ele, Victoria e Laurent foi o culpado de inexplicáveis homicídios -, se determina a matá-la, uma vez que não resiste ao cheiro do seu sangue. Ela despede-se de Charlie e vai para Phoenix - tudo muito cuidadosamente para não serem rastreados por James.
Bella vai com Alice e Jasper para Phoenix, enquanto Rosalie e Esme ficam para despistar Victoria (a vampira que acompanhava James) e Carlisle, Emmett e Edward vão atrás deste, para tentar matá-lo. Enquanto Bella está em Phoenix, Alice tem uma visão com a casa da mãe de Bella e o estúdio de balé onde Bella tinha aulas com 7/8 anos. Bella, sem que eles percebam, recebe umtelefonema que a faz pensar que o inimigo capturou a sua mãe, e isso faz com que ela fuja para ir ao encontro de James. A fuga acontece no aeroporto, enquanto Bella, Alice e Jasper esperam por Edward e Carlisle. Ela vai ao encontro de James. James, que por sua vez não havia capturado a mãe de Bella, a tortura e por pouco não a mata. James a morde, mas Edward aparece para salvar Bella. Enquanto Edward trava uma luta mortal com James, Bella fica inconsciente e começa a se transformar em vampira. Quando ela acorda, está no hospital e Edward Cullen conta que teve que sugar o veneno de seu sangue, e que se fosse um pouco mais tarde agora ela seria um deles. Porém, Bella deseja tornar-se uma vampira para viver a eternidade com Edward, mas ele se recusa a transformá-la.
[editar]Lua Nova
É 13 de Setembro, um dos dias mais temidos por Bella, por ser seu aniversário. Ela detesta este dia porque completa 18 anos e será sempre mais velha que Edward. Contra a sua vontade, Alice Cullen prepara uma festa surpresa. Ao abrir um presente, Bella corta-se acidentalmente com o papel e Jasper, o vampiro com mais dificuldade em se conter ao cheiro de sangue, não consegue evitar e tenta atacá-la. É por esse motivo que Edward e sua família vão embora de Forks; ele teme que esteja colocando a vida dela em perigo. Bella entra em uma depressão profunda por vários meses depois que ele parte, até que ela desenvolve uma forte amizade com Jacob Black, que mais tarde se revela um lobisomem. Jacob e os outros lobisomens de sua vila devem protegê-la de Victoria, uma vampira má que pretende se vingar de Edward matando Bella, por ele ter acabado com James. Com os acontecimentos, descobre que quando está emperigo, ou quando sente adrenalina, escuta a voz de Edward, que ela julga ser uma alucinação, falando dentro de sua cabeça. Para nunca esquecer a voz dele, envolve-se em perigosas atividades, como pilotar motos. Procurando pelo perigo, Bella se atira de um penhasco e quase se afoga no mar, mas é salva por Jacob. Alice vê Bella atirar-se do penhasco e Edward pensa que Bella está realmente morta. Desesperado, ele decide então acabar com sua existência, apelando para os Volturi, um grupo que representa espécie de "realeza" entre os vampiros e aplica "leis" para manter sua espécie em segredo. Ele vai à Volterra, Itália, procurando pelos Volturi, mas Bella o detém. Eles se encontram com os Volturi antes de retornarem para Forks e Aro, seu líder, demonstra um interesse especial em Bella por ter sua alma impenetrável e, considerando que seu conhecimento sobre os vampiros pode colocar sua espécie em perigo, exige que ela seja morta ou transformada em vampira também.
[editar]Eclipse
Estranhas mortes acontecem em Seattle, uma cidade perto de Forks, e os Cullen acreditam ser causadas por um exército devampiros "recém-criados". Edward Cullen está mais alerta que nunca com relação à segurança de Isabella Swan. Enquanto os Cullen vêem este problema como uma desculpa para receberem uma visita dos Volturi, Bella preocupa-se mais em escolher entre a sua amizade com Jacob Black (permanecendo humana, mas entregue ao castigo dos Volturi por ser a única humana a saber sobre a existência de vampiros) e o amor que sente por Edward (sendo transformada numa vampira). Sabe que se fosse transformada iria originar uma batalha entre lobisomens e vampiros, já que os Cullen haviam se comprometido com eles a não morder nenhum ser humano, pondo a sua nova família e os seus antigos amigos em risco. Bella desconfia de que Victoria é a criadora dos novos-vampiros e, posteriormente, descobre que estava certa. Edward pede Bella em casamento, e Bella aceita. Uma batalha para proteger aadolescente começa. Os lobisomens aliam-se aos Cullen e Victoria é morta. Os Volturi aparecem e Carlisle garante para eles que a transformação de Bella em uma vampira aconteceria em breve.
[editar]Amanhecer
Bella e Edward se casam e passam a lua-de-mel em uma ilha do Atlântico, próxima ao Rio de Janeiro, mas eles voltam repentinamente, pois Bella descobre que está grávida. Edward tem medo de que a criatura mate Bella, e não quer que o bebê nasça. Ela, no entanto, quer ter o filho. Então pede ajuda a Rosalie e ela cuida para que ninguém ousa abortar o bebê de Bella durante agravidez. O bebê representa uma "ameaça" para os Lobisomens, pois não sabem que criatura irá nascer e que tipo de perigo representa. A alcateia planeja destruí-la antes que ela nasça, e consequentemente, Bella morra. Jacob não aceita isso e fica contra a alcateia. O bebê acaba por machucar Bella apenas por se mexer, a medida que a gestação avança, e logo os Cullen descobrem que devem alimentar Bella com sangue para que a criança se alimente e não a mate, e ela segue a instrução. A gestação dura pouquíssimo tempo, a criança nasce, mas Bella não resiste e morre, mesmo Edward a mordendo e por injeções injetando seu veneno, só depois de considerada morta, Bella começa a se transformar em uma vampira. Ela descobre que pode controlar seus desejos por sangue melhor do que se esperava de um vampiro recém-criado. A criança é uma menina, diferente do que Bella pensava, e recebe o nome de Renesmee (junção dos nomes Renée e Esme) Carlie (junção dos nomes Charlie e Carlisle) Cullen. Jacob não aguenta ouvir Emmett e Rosalie falando a todo momento sobre se mudar e percebe que o maior problema é Charlie. Sendo assim, conta ao pai de Bella, sobre o mundo sobrenatural. Charlie pede a Jacob que não o conte todos os detalhes, só o necessário. Jacob sofre imprintingcom Renesmee (que é algo mais forte que o amor entre almas gêmeas, que ele descreve "como se o centro de gravidade deixa-se de ser Terra e passase a ser Renesmee", no caso dele). Alice vê que os Volturi estão vindo para matar Renesmee, acreditando que ela era uma criança que havia sido transformada em vampiro - algo estritamente proibido - , por causa do depoimento de Irina Denali. Alice vai embora com Jasper logo depois. Carlisle, Esme, Rosalie e Emmett viajam para chamarem todos os vampiros que conhecem, com a intenção de fazer os Volturi pararem para ouvir a real explicação da origem de Reneesme. Todos esperam na mansão Cullen até que os Volturi chegam. Bella descobre que tem o poder de criar um escudo em volta de si, e protege a família e amigos durante o confronto. Irina é morta por Caius, que não aceitava que não houvesse batalha. Quando os Cullen, seus amigos, os Lobisomens e os Volturi estão frente a frente e a batalha parece iminente, Alice aparece, trazendo outro meio-vampiro meio-humano para provar que não há problema em deixar Renesmee viver. Os Volturi, com um pouco de relutância, vão embora.
[editar]Personagens principais
- Ver página anexa: Lista de personagens de Crepúsculo
- Bella Swan - É a protagonista da série, que é contada a partir de seu ponto de vista. Sua vida passa por uma grande mudança quando ela se apaixona pelo vampiro Edward Cullen. Bella tem um estranho "escudo" em sua mente, que impossibilita os dons que os vampiros exercem sobre mentes (como ler pensamentos, e como o dom de Jane Volturi, que cria uma sensação de uma dor muito profunda no corpo da vítima). No último livro, casa-se com Edward, e engravida. Sua gestação é perigosa e curta. Depois do parto, torna-se vampira, vista como uma "defensora". Para uma recém-criada, controla-se muito bem ao sangue humano. Descobre que pode criar um escudo a sua volta, e que, quando quiser pode retirar o "escudo" de sua mente, para que Edward possa ouvir seus pensamentos.
- Edward Cullen - Edward é um vampiro que vive de sangue animal em vez de sangue humano. Ele vive com um clã de vampiros conhecido como a família Cullen. Edward tem o dom de ler mentes, podendo ouvir os pensamentos de qualquer um a alguns metros de distância; porém, ele só pode ouvir o que a pessoa está pensando no momento. Bella é a única imune ao seu poder. Foi o primeiro humano a ser transformado em vampiro por Carlisle, em 1918 (com 17 anos), quando estava morrendo de gripe espanhola. Sua própria mãe, Elisabeth Masen, antes de morrer da doença, pediu para que Carlisle fizesse tudo "o que os outros não podiam fazer" para salvar seu filho, o que deixou o médico achando que Elisabeth sabia o que ele era na verdade. Tem grande respeito e admiração por Carlisle e Esme, e segundo ele mesmo, "não pensaria em duas pessoas melhores".
- Jacob Black - Um personagem secundário no primeiro livro, mas que ganha maior destaque nos livros seguintes. Em Twilight, é ele quem conta à Bella sobre as lendas quileutes e diz que, segundo as lendas, os Quileutes seriam descendentes de lobos, sendo então lobisomens e que os Cullen seriam vampiros, e diz ainda que lobisomens e vampiros são inimigos. Mesmo sem acreditar nessas histórias, Jake acaba violando o trato feito por Ephraim Black (seu ascendente) e Carlisle Cullen. Jake só passa a acreditar nas lendas quileutes quando ele mesmo se torna um lobisomem, em Lua Nova. Embora esteja apaixonado por Bella, ela inicialmente o vê apenas como seu melhor amigo. Depois de uma confusão de sentimentos em Eclipse, Jacob e Edward entram em atrito constante. Em muitos momentos porém, Jacob se posiciona ao lado da família Cullen por causa de Bella. Em Breaking Dawn, ele sofre imprinting (que é mais forte que a atração de almas-gêmeas) com Renesmee (filha de Bella e Edward). Ele narra o Epílogo de Eclipse e um terço de Breaking Dawn, o último livro da série.
[editar]Ambientação
A história decorre principalmente na cidade de Forks, em Washington onde Bella e o seu pai, Charlie, moram. Outras cidades em Washington aparecem brevemente na série ou são mencionadas, como Port Angeles, Olympia, Seattle e a comunidade de La Push, no Condado de Clallam. Alguns eventos em Crepúsculo acontecem em Phoenix, Arizona, onde Bella foi criada. Volterra, na Itália, aparece em Lua Nova. Jacksonville, na Flórida, é mencionada em Eclipse, quando Edward e Bella visitam a mãe dela, que se mudou para lá com seu marido. O México é pouco citado em "Lua Nova" e "Eclipse"; quando Jasper conta a Bella a história da sua vida. Já oBrasil é citado em "Lua Nova", quando Edward segue uma pista falsa de Victoria, e o Rio de Janeiro em "Amanhecer", quando Edward e Bella passam a lua-de-mel no país.
[editar]Origem e publicação
A autora Stephenie Meyer disse que a idéia de Twilight veio de um sonho que ela teve em 2 de junho de 2003. O sonho era sobre uma garota humana e um vampiro que estava apaixonado por ela, mas também estava sedento de seu sangue. Baseada nesse sonho, ela escreveu a transcrição do que agora é o capítulo 13 do livro.[5] Ela nunca havia pensado em vampiros, e o sonho surpreendeu a ela própria. A autora chegou inclusive a dizer: "Não escolhi os vampiros. Eles me escolheram".[6] Meyer continuou escrevendo a história a partir desse capítulo, até o fim. Apenas depois, escreveu o início.[7] Apesar de ter pouca experiência, em três meses ela havia transformado o sonho em um romance completo.[8] Depois de escrever e editar o livro, ela assinou com a editora Little, Brown and Company por 750.000 dólares, um montante elevado para a primeira publicação de um autor.[9] Megan Tingley, a editora que assinou com Meyer, disse que, na metade da leitura do manuscrito, ela percebeu que tinha um futuro bestseller nas mãos.[10] O livro foi publicado primeiramente em 2005.
Depois do sucesso de Twilight, Meyer expandiu a história em uma série com mais três livros: New Moon (2006), Eclipse (2007) eBreaking Dawn (2008). No total, os quatro livros da série venderam cerca de 150 milhões de cópias mundialmente,[1] sendo mais de 5.200.000 milhões vendidos no Brasil.[11]
[editar]Estrutura e gênero
A série Twilight faz parte do gênero de ficção para jovens adultos, fantasia e romance, embora Meyer categorize seu primeiro livro,Twilight, como "suspense romance terror comédia".[12] No entanto, ela afirmou que considera seus livros como "romance mais do que qualquer coisa".[12] A série explora o não ortodoxo romance entre a humana Bella e o vampiro Edward, assim como o triângulo amoroso entre Bella, Edward e Jacob Black, um lobisomem.[13] Os livros evitam se aprofundar em sexo provocativo e drogas, porque, de acordo com Meyer, "Eu não acho que adolescentes precisem ler sobre sexo gratuito".[14]
Os livros foram escritos em primeira pessoa, primeiramente do ponto de vista de Bella, com o epílogo do terceiro livro e um terço de Amanhecer sendo narrados por Jacob. Quando perguntada sobre a estrutura do romance, Meyer descreveu sua dificuldade de identificar a premissa do livro em alguma categoria específica:
"Eu tive tempos difíceis com isso. Porque se eu disser para alguém, 'Você sabe, é sobre vampiros', então imediatamente eles teriam sua imagem mental de como o livro é. E ele não é como os outros livros de vampiros por aí - os de Anne Rice e alguns que tenho lido. Não é o tipo de mundo obscuro e sombrio e sedento de sangue. Então quando você diz, 'É ambientado em uma escola secundária', várias pessoas imediatamente o colocam em outro grupo. É fácil classificar com descrições diferentes."[15]
Os livros são baseados nos mitos dos vampiros, mas os vampiros de Twilight diferem em vários elementos dos vampiros típicos. Por exemplo, os vampiros de Twilight tem dentes fortes ao invés de caninos; eles brilham à luz solar, não queimam; e alguns deles tomam sangue animal no lugar do sangue humano. Meyer disse que seus vampiros diferem dos outros porque ela não se informou sobre ocânone dos vampiros, dizendo:
"Quando soube que Twilight poderia ser publicado que comecei a pensar se meus vampiros eram muito iguais ou muito diferentes dos outros. Claro, eu estava muito aprofundada nos meus personagens para fazer mudanças… então eu não tirei as presas e os caixões e as outras coisas para distinguir meus vampiros; isso é apenas como eles chegaram para mim."[16]
[editar]Temas e inspiração
De acordo com a autora, seus livros são "sobre vida, não morte" e "amor, não luxúria".[17] Cada livro da série foi inspirado e vagamente baseado em um clássico diferente da literatura: Crepúsculo em Orgulho e Preconceito de Jane Austen; Lua Nova em Romeu e Julietade William Shakespeare; Eclipse em O Morro dos Ventos Uivantes de Emily Brontë e Amanhecer em outros dois livros de Shakespeare, Sonho de Uma Noite de Verão e O Mercador de Veneza.[18][19] Meyer também citou outros romances como inspiração para a saga, os quais incluem Jane Eyre, de Charlotte Brontë, e Anne of Green Gables de Lucy Maud Montgomery,[20] além de dizer que o escritor Orson Scott Card é uma grande influência em sua escrita.[15]
Outros temas incluem escolha e livre arbítrio.[8][15] Meyer declarou que os livros são centrados na escolha Bella de como será sua vida, e na escolha dos Cullen de se abster de matar humanos ao invés de seguir seus instintos: "Eu realmente acho que essa é ametáfora secreta dos meus vampiros. Não importa ao que você está preso na vida ou o que acha que tem que fazer; sempre pode escolher outra coisa. Há sempre um caminho diferente".[8]
As epígrafes dos livros muitas vezes dão pistas sobre seu conteúdo e seus elementos temáticos também. As citações variam desde o livro bíblico de Gênesis até poemas como Fire and Ice de Robert Frost, e frases da poetisa norte-americana Edna St. Vincent Millay.[21]
Meyer, uma Mórmon, reconhece que a sua fé tem influenciado seu trabalho. Ela disse que seus personagens "tendem a pensar mais sobre de onde vieram e para onde eles irão do que poderia ser típico".[14] Meyer também orienta seu trabalho a partir de assuntos como sexo, apesar da natureza romântica dos livros. Ela declarou que não teve intenção consciente de seus romances serem influenciados pela crença Mórmon, ou de promover as virtudes da abstinência sexual e pureza espiritual, mas admite que sua escrita é modelada por seus valores, dizendo: "não acho que meus livros estão sendo realmente impressivos ou obscuros, por causa de quem eu sou. Sempre haverá muita luz em minha histórias".[22]
[editar]Outros livros
[editar]The Short Second Life of Bree Tanner: An Eclipse Novella
Em 30 de março de 2010, Meyer anunciou em sua página oficial que havia escrito uma novela que descreve a história de uma das vampiras recém-criadas de Eclipse, Bree, intitulada The Short Second Life of Bree Tanner: An Eclipse Novella.[23] Lançado em 5 de junho de 2010,[24] a autora disponibilizou-o gratuitamente em sua página por um breve período;[25] uma versão física paga também foi lançada, e parte do dinheiro arrecadado com suas vendas foi doado para a Cruz Vermelha americana.[23]
[editar]Twilight: The Graphic Novel - Volume 1
Twilight: The Graphic Novel - Volume 1 é uma graphic novel e a primeira parte da adaptação baseada no primeiro livro da série. Lançado em inglês no dia 16 de março de 2010 pela Yen Press,[26] o livro teve sua concepção e processo de criação acompanhado de perto pela autora da série.[27]
[editar]The Twilight Saga: The Official Illustrated Guide
The Twilight Saga: The Official Illustrated Guide será o guia oficial da série Crepúsculo, e está atualmente sendo escrito por Meyer. A editora estadunidense anunciou, na Feira do Livro de Frankfurt, que seu lançamento está previsto para 12 de abril de 2011.[28]
[editar]Midnight Sun
Stephenie Meyer estava escrevendo um livro que contava a história do primeiro livro da série, Twilight, do ponto de vista de Edward Cullen, chamado Midnight Sun. Porém uma cópia ilegal com os doze primeiros capítulos do livro foi publicada ilegalmente na internet. Ela publicou esses doze capítulos em seu site, e parou de escrever o livro por tempo indeterminado.[29]
[editar]Adaptações cinematográficas
Twilight foi adaptado ao cinema pela Summit Entertainment e lançado nos Estados Unidos em novembro de 2008.[30] O filme foi dirigido por Catherine Hardwicke e protagonizado por Kristen Stewart e Robert Pattinson no papel dos personagens Isabella Swan eEdward Cullen.[31]
A Summit Entertainment é detentora dos direitos para adaptação da série,[32] e nomeou a franquia cinematográfica como "The Twilight Saga" (br: A Saga Crepúsculo / pt: A Saga Twilight). Foi então confirmada a adaptação dos outros três livros da série "Twilight" para os cinemas:
New Moon foi dirigido por Chris Weitz e lançado em novembro de 2009,[33] quebrando recordes de bilheteria para sessões de abertura à meia-noite.[34] As locações do filme incluíram Vancouver, no Canadá,[35] e Montepulciano, na Itália.[36]
Eclipse, cuja direção é de David Slade, estreou no dia 30 de Junho de 2010[37] e foi o primeiro da saga a ser lançado em IMAX.[38] Foi considerado por parte dos críticos como o melhor filme da série até então.[39][40]
Em abril de 2010, o ganhador do Oscar Bill Condon foi oficialmente escolhido como diretor de Breaking Dawn,[41][42] o último filme da franquia, que será apresentado em duas partes,[43] sendo a primeira lançada em 18 de novembro de 2011 e a segunda em 16 de novembro de 2012.[44][45]
Todos os filmes são roteirizados por Melissa Rosenberg.[46] Juntos, os três filmes da franquia lançados até agora somam em bilheteria US$ 1,76 bilhões.[47]
Nenhum comentário:
Postar um comentário